quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

BigFanfic.Capítulo 13 - Boss


Hot Boss Joe’s POV

Não houve raios de sol para me acordar, nem sons estranhos. Abri os olhos e olhei para o visor do celular, que apontava 4:50 da manhã. Cedo demais. Ainda assim, estava inquieto, era impossível descansar novamente.
Bem aconchegada em meus braços Demi dormia tranquilamente, como um urso. Sua respiração era silenciosa e lenta; para quem via de longe, poderia jurar que estava em coma ou coisa do tipo. Seu sono era cauteloso, como eu já observara duas vezes. Duas vezes. Duas noites. Foram apenas duas noites que se passaram desde que todo esse estardalhaço começou. Como pude fazer tudo isso tão rápido, sem parar? Eu precisava de um momento para mim.
Retirei-a com cuidado do seu aconchego, e, por incrível que pareça, ela não moveu um músculo em desavença. Do exato jeito em que a coloquei de volta aos travesseiros ela permaneceu, ou seja: completamente torta. Desejei que se ajeitasse mais tarde, eu não queria acordá-la de jeito maneira. Levantei-me da cama com cautela, espreguiçando e sentindo meu corpo ranger como se fosse de um robô enferrujado. Um velho.
Ria mentalmente enquanto, desajeitado, dirigia-me tonto ao banheiro para uma rápida higiene matinal. Ducha rápida, escovar de dentes, fazer a barba, colocar o tônico, perfume, desodorante. Vestir. Roupas de frio. Optar por pentear o cabelo com os dedos, olhar-me rapidamente no espelho, sentir-me charmoso e, finalmente, sair do banheiro.
Antes de sair do quarto, não consegui deixar de observá-la novamente. Sim, ela mesma, meus amigos, minha namorada. Ajeitei-a na cama, coloquei o edredom para cobrir mais o seu corpo; o jeito em que ela pegou o cobertor e cobriu até a cabeça pareceu agradecer, e eu também tive de agradecer: ela estava viva, mon dieu!
Não consegui deter um sorriso do rosto, e finalmente saí daquele quarto que, por acaso, cheirava a nós dois – e àquelas palavras proferidas na noite passada -, e à loucura, e à selvageria e paixão. Uma delícia de fragrância. Em passos lentos e silenciosos, dirigi-me à cozinha, e não encontrei nada além de água e bebida alcoólica. Optei pelo copo d’água, molhando o estômago vazio, e enfim fechei a geladeira.
Abri a dispensa, e parecia que um pote grande esperava a minha chegada. Biscoitos. Provavelmente feitos por Emily, já que Demi não era muito chegada a cozinhar e esse tipo de afazer. Sinceramente, eu não sabia muito sobre aquela que pedi em namoro. Incondicional.
Essa única palavra rebolava em meus pensamentos enquanto devorava todo o pote de biscoitos de Emily. Vamos recapitular:
Demi Lovato, designer da London Music. Não sei idade, onde mora ou quem eram seus pais. Sei que ela é exuberante, petulante e terrivelmente teimosa. Por que as coisas não poderiam ser normais nem por um instante?
Coloquei o pote vazio dentro da dispensa e baixei meus olhos ao chão, sentindo uma breve dor de cabeça. Fazia tempos que não usava o lado direito do cérebro, aquele que cuidava da humanidade e sentimentalidades. Mas então comecei a ouvir aqueles gemidos abafados, femininos e conhecidos. Não era Demi, ela estava em sono profundo agora a pouco. A única mulher residente naquela casa era... Emily. 
Em passos largos e furtivos, corri para o quarto de Emi. Ela estava completamente descoberta, suando como uma louca, encolhida em posição fetal. Eu vi quando o sangue passou a escorrer da suas partes íntimas, e ela abriu a boca para deixar o doloroso ar escapar. Meu corpo e mente pareciam não ter resposta para os meus próximos atos; não tinha a mínima idéia do que estava acontecendo com minha prima, ou melhor dizendo, minha irmã. Assim eu a considerava, assim eu a tinha.
- Em... – chamei-a do mesmo jeito que chamava-a quando éramos crianças. Aproximei-me do seu corpo, esse se contraindo em espasmos e arrepios. O rosto de Emily era puro sofrimento. – Em, o que está acontecendo? Por que você está sagrando? Você estava doente e não nos falou? – nenhuma resposta – Mily, é o Joe. Mily, eu estou com você. – falei um pouco mais alto. 
Ster estava do outro lado da cama, e parecia ter um sono pesado, já que não havia acordado com os gemidos de Emily ao seu lado. O que era instigante, visto que ele costumava ter sono leve; pelo menos até onde eu o conhecia, na época Pré-Sterling.
- EM! – gritei, e finalmente encontrei o azul-marinho dos seus olhos, as veias das extremidades do globo ocular saltando. – Ei, Ei, calma... Está tudo bem, linda. Calma. – Afaguei seus cabelos, ainda perdido no que estava prestes a fazer. – Ster! Acorde! Agora! Emily está... – minha voz falhava – Minha querida Emily está doente, sangrando. ACORDA, DESGRAÇADO! 
Levantei-me e balancei Ster, fazendo-o despertar sonolento. 
- Porra, Joe, o que é? – perguntou, apertando os olhos.
- Olhe pro seu lado. Ster, nossa Emily. Temos que ir embora, aqui não tem Hospital e a viagem até Londres são duas horas se corrermos muito. – Eu falava exasperado. Ster mal tinha aberto os olhos. Vagarosamente, virou-se para o lado e pareceu acordar quando o escarlate dos lençóis chamou sua atenção. Emily tremia, seus olhos presos em minha imagem, nenhuma palavra conseguia ser proferida pelos lábios finos.
- MEU DEUS! Emily, o que aconteceu? E...
- Ela não consegue falar. Mantenha-a acordada, eu vou chamar Demi. Vamos embora e é bom que ela venha ajudar. 
- Você só pensa nessa maldita mulher. – comentou Ster, saindo dos cobertores para acolher Emily e passar a fazer-lhe um interrogatório.
- Fala isso como se você não fizesse o mesmo. – soltei-lhe um olhar desafiador, beijando a testa de Emily e saindo dali. Corri para o meu quarto e Demi já estava de pé, como se me aguardasse. 
- Emily está doente e... Ela está sangrando, você sabe, por baixo e eu e Ster, nós... Hospital. Sabe. Precisamos sair logo. Hospital. Emily.
O vulto de Demi passou diversas vezes pelos meus olhos assustados, atravessando o meu olhar sem foco. Ela saiu do quarto correndo, apenas com um moletom largo cobrindo o corpo. Segui-a por puro instinto até o quarto de Mily.
Quando o olhar das duas se chocaram, eu pensei ter perdido anos de comunicação. 
- Tragam toalhas, esquentem um pouco de água, sem ferver, e também tragam numa bacia. Preciso de cobertores e primeiros-socorros. Saiam do quarto. – Essas foram as primeiras palavras que Demi dirigira a mim naquela manhã. Parecendo combinados, eu e Ster nos entreolhamos, e voltamos nosso olhar para Demi, que se agachava ao lado de Emily e segurava a sua mão com um olhar de compaixão. – AGORA! – Demi nos soltou um olhar furioso e voltou a olhar para Mily.
- Não se preocupe, Mily. Eles podem ser nossos chefes, mas eu posso acusá-los de homicídio culposo se não se mexerem nesse EXATO momento. – sorriu irônica para a amiga, que pareceu querer rir até mesmo em sua situação trágica.
Para mim e Ster não restou alternativa senão dar meia-volta e fazer o que nos foi pedido. Nós estávamos estáticos pela simples razão de estarmos em choque; nunca tínhamos presenciado Emily em qualquer sofrimento físico. Ela sempre fora meio instável emocionalmente, de se preocupar demais, mas a saúde de Emily era de ferro, sempre foi! O que estava acontecendo dessa vez?
Demi’s POV

Não podia deixar escapar os olhares atemorizados os quais Emily dirigia a mim. Enquanto os chefes cuidavam dos lençóis sujos e preparavam um novo leito para uma debilitada Mily, eu me via trancada com ela no banheiro. Em meio a medicações, toalhas sujas e limpas, um abafamento proposital graças ao desespero da doente, Emily se via imersa na banheira, a água agora límpida parecia acalmá-la. Mas então ela me via, preparando as toalhas quentes em uma pequena bacia transparente; claro que eu estava concentrada no que fazia, mas isso não me retirava a personalidade observadora.
Peguei uma das toalhas e coloquei sobre sua testa, ouvindo-a arfar e franzir o cenho.
- Calma, Mily, isso vai melhorar a enxaqueca. Não vou lhe dopar com mais remédios... – disse-lhe com uma voz serena, a mais serena que pude proporcionar. – Você vai precisar de um bom descanso.
Emily suspirou e fechou os olhos daquele azul-marinho. Passei a encarar sua face, agora pálida, os traços finos do rosto oval. Jamais daria tempo de chegar a um hospital, eu bem sabia disso. Contudo, eu estava completamente exposta naquela situação.Emily uma amiga a quem poderia confidenciar os segredos (claro que havendo uma vice-versa), e pronto. Simples, sem fugas. Porcaria de mania de fugir das coisas. Merda.
- Um descanso significaria férias remuneradas? – perguntou Emily sorrindo fraco e abrindo os olhos. – Sem viagem à Nova York? – sorriu mais largamente.
- Com certeza, eu lhe daria 15 dias para se recuperar do que aconteceu. Mas...
- Mas? – a expressão confusa de Emily relatou a sua confusão extrema, a falta de redenção. Não queria se entregar. Troquei a toalha que estava em sua testa, coloquei mais sais em seu banho e sorri-lhe com compaixão.
- O que aconteceu com você não foi natural. Causado pelo estresse, excesso de preocupação, bem típico, não é, Senhorita Summers? – minha voz tornou-se mais dura, meu blefe precisando dar certo.
- Demi...
- Não minta. Não para mim. Eu estou aqui para te ajudar, você não vê? – supliquei – Desde quando? 
- Eu engravidei faz 3 semanas. – ela respondeu, sem olhar nos meus olhos. – Foi um cara que eu conheci. Eu queria o bebê, mas tinha tanta coisa envolvendo... Sabe, você, Joe, Ster, meus melhores amigos, nisso que parece ser um triângulo amoroso e...
- Não foi essa a minha pergunta. Desde quando você está doente? Desde quando você... – Não tinha mais ar para aquelas palavras, engasgavam na minha garganta como uma gigante bola de pêlos engasgaria um gato. – Desde quando você desistiu do câncer?
Finalmente seus olhos se viraram para mim e, dessa vez, com real expressão de susto. Pela jugular que pulsava freneticamente, era óbvio que seus batimentos aceleraram enlouquecidos. 
- Emily, eu sei o diagnóstico, preciso saber o resto. Você sabe que o câncer é fatal, o que tem na cabeça? Fale comigo!
Ouvi batidas na porta e, em seguida, a voz de Joe gritar:
- Já está tudo pronto aqui! 
- Nós já vamos! – gritei de volta e voltei meu olhar para Emily. – Por favor, fale comigo.
Olhando em meus olhos, Mily suspirou fundo.
- Tudo bem. Mas será que podemos adiar essa conversa? Não quero que Joe e Ster nos ouçam; nem por acidente, nem propositalmente. – falou séria.
- Sim senhora! – respondi-lhe com ar brincalhão, afastando o ar retesado que insistia em me atacar; como um estigma. – Agora vamos sair dessa banheira antes que você vire um peixe.
Sorrindo, Emily levantou-se com alguma dificuldade. Segurei-a com cuidado, e enxuguei seu corpo, ajudando-a a sair dali. Vesti-a com uma calcinha, e coloquei uma pequena toalha, caso o sangramento voltasse por algum motivo. Destranquei a porta para pedir ao – agora útil – Ster que me trouxesse uma de suas camisas, e para Joe que trouxesse uma segunda-pele e uma calça-moletom. Talvez um comentário importuno, mas Joe, apesar das feições levemente entristecidas, estava estonteante. Ok, parei. Assim que Emily estava bem-vestida, novamente medicada, também com um 
Dormicid, apoiei-a em meu ombro e, finalmente, saímos daquele banheiro abafado. Coloquei-a na cama, agora de cobertores cor salmão, e deixei que se cobrisse sozinha. Abaixei-me e sussurrei em seu ouvido, cantarolando:
- 
Don’t worry about a thing, because every little thing is gonna be alright. – afastei-me e a vi sorrir largamente.
- Boboca. – disse-me com sua voz fraquejada pelo 
Dormicid. Ri baixinho, e antes que pudesse me levantar, senti as mãos de Joe me abraçando por trás.
- Coisa inteligente, você não se vestiu hoje de manhã. Está de blusa e calcinha, deu para perceber que não estamos sozinhos para você fazer isso com a minha sanidade? – sussurrou em meu ouvido. Segurei um riso. – E até a sanidade do Sterzinho ali. Coitadinho.
Olha um fato: Joe é um excelente ator. Outro fato: Eu sou uma excelente observadora. O ciúme corroera cada célula de Ster, e eu sabia que o fato de eu não ter lhe dado atenção desde o ‘ocorrido’, por assim dizer, de ontem à noite, mexeu com seu coraçãozinho de pedra e luxúria. 
Emily já estava de olhos fechados, a respiração compassada num sono alfa.
Meu chefe e namorado (por que isso soa tão estranho?), carregou-me como um esposo carrega sua esposa e, em completo silêncio, retirou-me daquele cômodo.
- Desde quando você é médica? – perguntou-me quando estávamos no meio da sala, exato espaço entre um quarto e outro.
- Não sou médica. Sou Designer. – respondi-lhe olhando para o horizonte. – São primeiros socorros. Você e Ster estavam em choque, alguém tinha de fazer alguma coisa, certo?
Ele parou quando estávamos já dentro do quarto, suspirando.
- É. – respondeu monossilábico. – O que aconteceu com ela?
- Aborto espontâneo. – respondi-lhe. – Vou tomar um banho, aliás, que horas são?
Joe pôs-me no chão e olhou para o relógio de pulso.
- Cinco e meia da manhã.
- De uma segunda-feira. Emily precisa de descanso, eu diria uns 15 dias. Bem, vou tomar meu banho e então vocês se decidem como vai ser hoje. – Suspirei, meus olhos fincados no chão. Ouvi passos de afastamento de Joe. – Chefe... – chamei-o.
Ele apenas parou de andar, ainda de costas para mim. Andei em sua direção e o virei para mim, abraçando-o fortemente. Sentia seu peito quente subir e descer rapidamente contra o meu, a fúria tomando o lugar das lágrimas. Entrelacei meus dedos em seus cabelos da nuca e afastei-os apenas o suficiente para fazer nossos rostos se tocarem. O cheiro que seu rosto emanava era simplesmente delicioso, de puro deleite; cheiro de loção de pós-barba, perfume, do seu hálito de menta. Quanto à mim, a única coisa que havia colocado na boca era um pacote de balas de framboesa; o açúcar era única droga que acalmava meus nervos e minha vontade de fugir, porém nunca a longo-prazo.
- Vai ficar tudo bem. Emily vai ficar bem, nós só temos a ficar cada vez melhores. Ster vai entender, eu sei que vai. Só é preciso tempo. Tempo, meu Joe, a única coisa que nós não tivemos. – beijei rapidamente seus lábios. – Dê tempo ao tempo, não sofra de antecedência.
E então foram os seus lábios que vieram ao encontro dos meus, completamente famintos, mas pareciam estar sendo guiados por uma corrente, algo que segurava a selvageria do beijo. Minha língua transpassava cada ponto da sua boca, deliciando-se como sempre, em sua dose matinal do Chefe. 
Não sei ao menos o que me fez abrir levemente os olhos, porém fora algo que me arrependi amargamente. Ster se encontrava parado na porta, encarando a mim e a Joe com uma expressão de nojo. Com a mesma velocidade em que o arrependimento veio, ele se foi. Visto que uma das minhas mãos acariciava os cabelos da nuca de Joe, soltei-a levemente e mostrei o dedo do meio para Ster, sorrindo entre meu beijo maravilhoso. Voltei a fechar os olhos e fingi que nada tinha acontecido. Nada aconteceu.

- 
Jennifer, Ster vai assumir hoje às 8. Emily está de licença médica. Hoje eu vou tirar minha folga remunerada, já falei com o Joe. Joe não comparecerá hoje por motivos pessoais. Vemo-nos amanhã. Xx Demi Lovato. – desliguei o telefone celular. – Pronto, acabei de mandar a mensagem para minha secretária. Eu vou ficar na casa de Emily, ela vai precisar de alguém para levá-la ao médico de verdade quando acordar.
- Eu vou com você. – ofereceu-se Ster.
Estávamos eu e Emily no carro de Ster, já que era maior e mais espaçoso para Emily deitar. Meu colo lhe servia de travesseiro. Ster dirigia concentrado e calado – até esse miserável momento -, em suas vestes de executivo e óculos aviador Ray Ban.
- Não. – suspirei. – Acho melhor não. É melhor que uma mulher a acompanhe nos exames, visto o que aconteceu. – contornei-o. Ele deu de ombros e manteve-se calado pelo resto da viagem.
Enquanto minhas mãos acariciavam os cabelos de Emily, meus pensamentos correram para a Land Rover que corria na estrada logo atrás da gente. Eu podia vê-lo pelo retrovisor. O vento arrumando os cabelos para a desordem, com o cotovelo apoiado na janela e uma das mãos entrelaçando os próprios cabelos. Sorri sem nem entender o porquê e passei a cantarolar.
But I don’t enjoy Heaven as much
As dancing cheek to cheek
Now come and dance with me
I want my arms around you
The charms above you
Will carry me through
To Heaven


A casa de Emily era realmente bem pequena. Uma pequena casa em um bom condomínio. Dois andares, os tijolos pareciam novos, era uma boa arquitetura. O interior, porém, nem tanto. Apesar de parecer uma bela casinha por fora, por dentro a casa aparentava ser habitada por um anão. Devido ao meu salto, eu comecei muito bem batendo a testa no rodapé da porta. Esbarrei em diversos móveis, enquanto Ster já se infiltrava na casa com Emily no seu colo. Sentei no sofá, procurando não me bater em mais nada, e vi Ster voltar.
- Obrigada. – disse-lhe.
- É por Emily. – respondeu num gesto grosseiro.
- Eu sei, bonitão. – pisquei de um olho só e comecei a retirar os sapatos.
- Você é muito folgada. – ele reclamou. – Está na casa de outra e já vai tirando os sapatos na sala, enquanto ela dorme.
- Você também. – Fingi estar falando com minha mão – Hand, você convidou o chefe arrogante para entrar na casa de Emily? – Fiz que não com a mão. – Ops, então é melhor ele cair fora. Imagine se Emily, aquela pessoa preocupada, acordar, e vir Ster perturbando a amiga confidente? Oh, no no... Isso pode ser muito ruim. Vai estressá-la novamente. – Encarei Ster com a face mais furiosa que pude lhe proporcionar.
Mas ele pareceu invicto às minhas provocações. Aproximou-se e encostou o rosto a centímetros do meu.
- Olha só, bonitona, você ainda vai pagar por tudo isso. – e selou rapidamente nossos lábios, saindo logo em seguida. Mesmo sentindo a maciez de seus lábios ainda pairando sobre os meus, aquela selvageria e animalidade já encontrando o caminho da minha circulação sangüínea, eu parei para pensar. E as palavras saíram num eco enquanto o Senhor Ster abria a porta da casa de Emily, abaixando-se para sair dali:
- Vamos ver quem vai pagar o que e para quem! Aguarde-me, bonitão, sua máscara de super-herói se derrete quando está em minhas mãos! – praticamente gritei para que me ouvisse. – Otário. – sussurrei enquanto tocava meus lábios. – Otário gostoso. – Passei a língua pelos meus lábios. – Filho de uma...
Saí correndo pela casa de Emily à procura de um banheiro. 
Tomei um baita susto quando a vi com o blusão cinza de Ster que pareceu premeditado para a calça-moletom também no mesmo tom de cinza. Estava em pé, lágrimas nos olhos, o cabelo bagunçado.
- Só tem banheiro no meu quarto. – disse-me com a voz arrastada. – Eu vou comer alguma coisa.
- Obrigada...
Seria inútil falar qualquer coisa. Dirigi-me ao banheiro e coloquei pasta de dente no dedo indicador, esfregando em todos os cantos da minha boca, limpando-me. Aquele maldito Ster, passando-me seu gosto – diabolicamente bom -, mas que deveria morar apenas na sua boca. Ele nem tinha o gosto de menta, nem o cheiro de pós-barba; nem aquela fragrância própria. AQUELES IDIOTAS ESTAVAM ME DEIXANDO LOUCA. Cuspi na pia e enxagüei a boca.
- Queria poder ler suas expressões e então adivinhar o que está pensando. – disse-me Emily, arrastando-se até a cama com um pote de sorvete caseiro. Virei-me para ela e a encontrei em seu estado deplorável, porem segurando duas colheres de chá e estendendo uma para mim.
Sentei-me ao seu lado da cama de casal, que pareceu fraquejar com meu peso.
- Relaxe, minha cama pode não parecer forte, mas ela é super-poderosa. Acredite em mim. – Emily sorriu maliciosa.
- Você não presta... – eu ri.
- Vamos comer, eu to com muita fome! – disse-me ela. Eu ri novamente.
- Acabou de sofrer um aborto e está assim? Meu Deus.
- Eu também sou super, queridinha. – falou com um sorriso largo no rosto, abrindo o pote de sorvete e pondo a colher com gosto.
- Eu acredito que sim. – sorri-lhe, também pegando uma colher e colocando rapidamente na boca. Quando vi, estávamos fazendo competição de quem comia mais rápido. – Congelamento de cérebro! Bandeira branca!
- Cérebro, que cérebro? – Emily me disse, pegando o pote de sorvete só para ela e continuando com as colheradas, um sorriso beirando a extremidade da sua boca avermelhada pelo frio.
- Boboca. – respondi-lhe, fazendo-a gargalhar de boca cheia. – Pois bem, Dona Emily, fique à vontade para me contar sua história. Nós temos a noite toda.
- Ui, isso soou provocativo. – ela riu novamente. Porém, dessa vez, eu estava completamente séria. Mily suspirou fundo.
- Melhor você pegar um travesseiro para a coluna. – ela me disse.
- Estou bem assim.
- Bem, tudo começou...

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

BigFanfic.Capítulo 12 - Boss


Era impossível desviar os olhos. Sentia o sangue rugir nas minhas veias para quaisquer movimentos, mas a estática fazia parte dos sintomas.
- Eu quero falar com o Ster. Devolva-me o Ster, agora. – ouvi minha própria voz suplicar.
As feições perfeitas do chefe resumiram-se ao tom de tristeza. Ele baixou a cabeça e tirou uma das minhas mãos de dentro d’água, passando a alisar meus dedos meticulosa e aleatoriamente. Seu peito subia e descia na respiração descompassada e pesada, eu sentia a calça jeans molhada tocar minhas pernas descobertas. A água impedia que os nossos calores corporais transitassem, aliviando meus instintos.
- Eu estou aqui, Demi. Sempre estive. – disse Ster, sem parar de alisar a minha mão.
- Olhe para mim. Eu quero ver seus olhos. – pedi.
Seus movimentos foram em slow motion, ou talvez eu estava no modo lento. Vagarosamente depositou minha mão de volta a água morna, e armou seus olhos para me atingir.
- Oi. – disse com um breve sorriso. Sentia seus olhos tocarem nos meus e não pude deixar de levar um sorriso aos meus lábios.
- Oi. – respondi – Acho que temos que conversar.
- Parece que sim...
Alguns segundos se passaram enquanto nos reconhecíamos, perdoávamos um ao outro em silêncio. Levei minhas mãos à superfície com a palma levantada para cima, chamando-o.
- Acho melhor não nos tocarmos... – ele disse quase num sussurro - sabe, desse mal ainda não me recuperei. Não vou me responsabilizar pelos meus atos.
- Inferno. – reclamei – Então qual é com nós dois? Estou cansada disso. Eu quero viver minha vida normalmente.
- Bem, eu já não posso dizer o mesmo. Fechei meus olhos e punhos.
- Eu vou ser bem clara com você, Ster. – disse-lhe veemente – Eu não vou me desfazer do Joe. Estou muito bem com ele, e não vai ser esse instinto de besta animal que vai esculhambar com tudo. Essa noite, eu vou fazer com Joe o que meu instinto animal desejar, vou saciá-lo como quiser ser saciado. – levantei-me da banheira – E nós vamos gemer tão alto, que o seu instinto louco vai arder, e quem sabe ele desista. Já lhe disse e vou repetir: Eu não pertenço a você.
Ele riu. RIU, em deboche. Como pôde atrever-se? A minha fúria apenas aumentava.
- Você...
- Demi, Demi, ... Minha jovem Demi. Sempre petulante. – puxou a minha mão com força para baixo, fazendo-me voltar a sentar na banheira, soltando respingos de água por todo o toalete. – Eu vou ser bem claro com você. Se você acha que com essa petulância vai vencer a minha vontade de te possuir, está muito enganada. Eu terminei com Tiff. Está tudo preparado. E eu sei, para você ceder, só é preciso de um sussurro. – ele aproximou meu rosto do seu, sua boca do meu ouvido – Da minha voz.
- Não, não... Pare... – supliquei. Estava voltando, tudo estava voltando, aqueles sintomas. Onde estava o oxigênio? Por que não atingia os meus pulmões?
Eu também não conseguia ouvir o palpitar do meu coração. Ele, Ster, estava travando tudo. Ele é a chave que tranca, que prende.Suas mãos molhadas delinearam meus braços, sentia a aspereza dos seus dedos. Seus lábios tocaram a pele do meu rosto, úmidos, e pela primeira vez, depositaram um beijo. Não fora exatamente na espinha dorsal onde senti um calafrio. Não sentia sentimento no que ele fazia; não estávamos sendo claros nas nossas palavras, e sim obscuros. Voluptuosidade. 
- Largue-me. – disse de uma vez, levantando-me da banheira. – E da mesma maneira que entrou, saia daqui. – ordenei.
Em silêncio ele saiu da banheira, enxugou-se brevemente. Antes de sair pela porta, chamou minha atenção com um simples sussurro:
- E eu que achava que eu era o chefe...

Despi definitivamente o vestido vermelho e voltei à banheira, dessa vez para ligar ducha. Tirei o tampo da banheira, e tudo que eu via era água. Fechei os olhos.
O que era Ster, afinal? Do que ele era capaz? E por que, por que temos de portar-nos como animais? Eu não tinha muitas escolhas. Não mais.

Vesti as roupas íntimas de um violeta escandaloso de listras negras. Percebi-me encarando uma das cicatrizes, quase apagada, em minha costela. Suspirei. Voltei a me vestir. Coloquei outra camisa de Joe por cima de tudo, a de hoje era preta, e não havia nada escrito, apenas um pequeno sigma. Passei a mão por cima do tecido, ajeitando-o, e acabei por sentir meu estômago reclamar, faminto. Já havia passado da hora do jantar, e eu não era mais daquelas que deixava de se alimentar; sabe como é, necessitava da energia proporcionada pelo alimento.
Saí do banheiro, e só então percebi o quão quente estava aquele cômodo. Exalava seus eflúvios em um vapor digno de sauna. 
- O que você andou fazendo nesse banheiro? – ouvi a voz de Joe se pronunciar. Olhei para os lados, encontrando-o deitado na cama, relaxado sobre seus braços. Seu olhar metido, superior a mim; aquela pose de chefe. Sorri com canto de boca, penteando os cabelos molhados com o dedo para trás.
- Apenas tomando um banho. – respondi simplesmente, sentando na beira da cama. Senti-o tocar minha perna esquerda e alisar distraidamente. Enquanto eu me deliciava com seu toque, também ajeitando os fios dos meus cabelos, ouvia o som de pratos e talheres na cozinha; provocando cada vez mais a minha fome. Entretanto, a distração de Joe ao apenas alisar as minhas pernas já havia se acabado. Puxou-me, por ali mesmo, pela perna esquerda, e também pelo braço esquerdo, girando-me até me ter por cima de si.
- Cheirosinha... – elogiou, ao fungar o meu pescoço de forma engraçada. Eu ria sem parar, como uma criança. 
- Sua hora de rir. – disse-lhe, sorrindo como uma hiena cheia de malícia.
- Não gosto dessa cara – ele disse meio assustado, abri mais ainda o sorriso, passando minhas mãos pelo seu tronco – o que você está pretendendo?
- Cócegas, chefinho. – disse brincalhona antes de fazê-lo clamar por menos. Era tão engraçado vê-lo rindo daquele jeito, tão infantil. Não éramos mais dois adultos, não mais.
- O que é isso aqui, pelo amor de meu Jesus Cristinho? – fora ouvida a voz de Emily. Eu e Joe viramos nossos olhares (lacrimejados de tanto rir) para a nossa amiga: ela tinha uma panela em mãos e enxugava-a rapidamente. – Demi, minha criança, venha me ajudar na cozinha, sim?
Troquei olhares com Joe, meio que pedindo permissão.
- Vai lá, criança. – ele frisou. Segurei o seu queixo rindo.
- Tá bom, velhinho. Mais tarde a gente vê quem é criança, não é? – pisquei e dei língua, saindo da cama rapidamente.
Andei em direção à Emily, que estava um pimentão à minha espera, encarando a panela enxuta.
- Vamos, Mily. 

Hot Boss Joe’s POV

Após um exagerado jantar preparado por Emily, deitei-me na cama, cheio, e resmunguei palavras que nem eu mesmo fui capaz de decifrar. Fechei os olhos para um breve cochilo, e deixei que minha mente relaxasse.
...


Mãos geladas.Massagem.
- Chefe... – ouvi a voz da namorada me chamar bem perto do ouvido. – Hm, velhinho, agora não é hora de dormir. – ela suspirou.
Senti que seu corpo estava sobre o meu. Abri vagarosamente meus olhos, a visão ainda estava embaçada. Enxerguei seus cotovelos apoiados um em cada lado da minha cabeça e senti o seu cabelo, ainda um pouco molhado, batendo nas minhas costas.
- E fazer o quê acordado? – perguntei meio grogue, com um sorriso de canto de boca. Senti-a sair de cima de mim.
Abri de uma vez os olhos e me ajeitei na cama. Virei os 180º, observando-a trancar a porta do quarto. Ela tinha aquele sorriso perverso; apenas aquele sorriso já havia contraído minhas entranhas. Puxou a camisa negra para cima, mostrando o seu conjunto íntimo. Não tirava aquele maldito sorriso do rosto. Demi tocou minhas pernas com sua mão gelada e veio engatinhando até mim, aproximando nossos rostos. Segurei-a pelos cabelos da nuca, puxando-a para mim:
- O que é esse sorrisinho? – perguntei entredentes, mordendo seu queixo.
- Você vai descobrir... – ela disse entre suspiros. - e vai ser agora.
No mesmo instante em que ouvi a sua voz destemida, parei de mordê-la. Seus olhos haviam perdido a razão, nem precisei provocá-la a ponto de perder sanidade. Puxei-a para mais perto possível, a ponto de selar nossos lábios e beijei-a com um ímpeto de delírio. Sua boca estava veloz, esperta. Minhas mãos tiravam seu sutiã enquanto ela já havia deixado a minha bermuda aos meus pés. Por falta de ar, larguei seus lábios; esses já estavam levemente avermelhados. Novamente aquele sorrisinho.
Desceu com beijos e chupões pelo meu tronco, arranhando-me com suas unhas afiadas. Então o motivo do sorrisinho era uma vingança? Ela também queria me arrancar a sanidade? Sua língua era quente demais se comparada ao meu tronco; aquelas unhas afiadas faziam o trajeto certo para que eu me contorcesse, e até risse – eram meus centímetros de loucura. O ar soltava-se com ruídos da minha boca, era inevitável.
De repente, senti suas unhas afiadas na região pélvica, minha boxer cinza sendo arrancada do corpo; fechei os olhos, prevendo o que estava por vir. Obviamente já estava mais do que excitado, Demi não precisava de muito para me deixar de tal modo. Eu ia colocar minha mão no pênis ereto, mas recebi um belo tapa.
- Sai. – ela disse – é meu. – sorriu.
E foi a minha vez de sorrir. Fechei os olhos e coloquei as duas mãos seguras sobre os lençóis, esperando que ela fizesse alguma coisa.
Primeiro foram as mãos em seus movimentos frenéticos e repetitivos; me masturbava daquele modo que eu já conhecia – não – muito melhor. Ela o fazia com uma maestria invejável, deliciosa e... indescritível. Realmente indescritível fora quando senti sua língua quente rodear a glande, e novamente, quando sua boca praticamente engoliu meu pênis. O gemido fora tão alto, senti-me como cão no cio.Ela era muito boa no que fazia. Era o seu nome que saia da minha boca, descontroladamente.
Abri um dos olhos levemente para vê-la. Com uma das mãos segurava meu pênis, na base; com a outra arranhava o meu abdômen; e com a boca – aquela boca veloz e esperta – sugava, lambia e brincava com meu membro.
Eu estava jogado ao deleite, exposto ao delírio contínuo. O sangue que deveria bombear meu cérebro e manter a sanidade se mantinha no membro inferior – na “cabeça de baixo” – e eu me via incontrolável. Coloquei uma das mãos nos cabelos da nuca de Demi e passei a guiá-la em seus movimentos. Minha outra mão puxava com força o lençol da cama, não era exatamente algo que eu, Joe Jonas, estava fazendo; mas sim a mão de Joe Jonas, entenda.
Meu corpo estava implodindo, e eu sentia o gozo por vir. Puxei Demi para o lado, como um aviso. Ela pareceu compreender, mas isso não a fez parar, apenas fazê-lo mais lentamente, numa tortura impossível.
- Louca, louca... – proferia as palavras com dificuldade – mais rápido.
Seus olhos se levantaram, ela retirou sua boca do meu membro e lambeu-o.
- Implore. – maldito sorriso.
- Por favor. – eu pedi. Ela lambeu mais uma vez, da base ao topo, negando. – Por favor, por favor, por fa...
Abocanhou-o novamente e voltou com os movimentos rápidos, mais um gemido alto da minha parte. Quando sentiu o gozo por vir, ela pôs de vez o membro em sua garganta, deixando o líquido branco descer por ali. Fechei os olhos com força para sentir mais minuciosamente aquilo, aquela sensação. No momento em que os abri, ela já estava na minha frente, lambendo os beiços.
- Oi velhinho. – ela disse, tomando ar.
- Oi – foi tudo que consegui dizer, estava eras mais ofegante que ela. Ainda assim beijei-a com intensidade, mordendo seus lábios, sugando-os. Coloquei-a por baixo do meu corpo e passei e me deliciar com seu pescoço, descendo então para o seu maravilhoso colo e seios.
Colo e seios de mulher jovem, lisos, bem feitos. Tinham um verdadeiro toque de perfeição ao não serem nem tão grandes, nem tão pequenos. Extremamente macios. Depositei beijos ao redor dos mamilos e passei a língua ali, delineando-os do jeito que sempre fazia.
Com as mãos, puxava sua calcinha para baixo, sendo obrigado a descer mais ainda no seu corpo esguio. Tirei a parte de baixo do seu conjunto íntimo duo cromático, puxando pelas pernas. Ela tinha seus olhos fixos nos meus, com intensidade irrevogável. Sorrindo maroto, abri suas pernas, deparando-me com sua intimidade úmida.
- É minha. – falei com minha voz o mais grossa possível. Senti-a se arrepiar apenas com o meu tom, e rir baixinho, uma risada infantil.
- Vá em frente. – ergueu uma das sobrancelhas. 
Sorri novamente antes de sucumbir a um objetivo: proporcionar prazer à minha Demi.
Suguei-a, penetrei-a levemente com a língua; segurava-a pelas coxas e glúteos, ela já não se tinha nos campos da razão. Meu nome era pronunciado diversas vezes e intercalado com meu apelido, daquele jeito que apenas ela me chamava “Chefe, Chefe...”, no tom da insanidade. Logo me pus a provocá-la com mais intensidade, pressionando a vulva com dois dedos e penetrando. Mais gemidos, de ambas as partes. Estávamos insanos.
Emily? Ster? Seriam espertos se usassem tapadores de ouvido... aliás, isso eu bem indicaria à Emily; já Ster, que ouvisse o nosso amor, rugindo em gemidos escandalosos. Divertido.
- Joe, venha. Para mim. – ela pediu, sua voz rouca. 
- Implore. – repeti exatamente o que ela disse antes, numa vingança quase que imediata. Ela sorriu; sorriu aquele sorriso perverso, e balançou a cabeça negativamente.
- Chefe – chamou novamente, mordendo o lábio inferior e sorrindo - Come. into. me. – ela disse pausadamente. Quantas vezes amaldiçoei esse sorriso?
Aos poucos deitei por cima dela, abrindo ainda mais as suas pernas, e me posicionando. Olhei diretamente em seus olhos. Não mais demonstravam luxúria, mas sim confusão. Como pode Demi mudar da água para o vinho em questão de minutos?
Peguei um preservativo na mesa de cabeceira. Rasguei-o com os dentes e rapidamente me afastei para colocá-lo. Novamente me deitei por cima da minha namorada, posicionado para penetrá-la; ajeitei seus cabelos pelo rosto, retirando-os dali.
- Apenas minha. – sussurrei em seu ouvido antes de começar a conjuntura. Penetrei-a com cuidado e maestria, sentindo-a tencionar os músculos da vagina. Ela se fazia tão concentrada quanto eu. Colei nossos narizes, deixando que as respirações pairassem entre nossas bocas. Alisei seus lábios com minha língua, sentindo-a puxar o meu inferior para uma mordida leve. 
Minhas investidas eram lentas, profundas. Demi também fazia movimentos para o encaixe, fazendo-nos sentir mais prazer. Todavia, depois da fúria animal que tivemos no começo do sexo, agora tudo parecia mais romântico, mais íntimo. Mudamos novamente de posição.
Com aquele jeito de guiarmos um ao outro telepaticamente – ela dizia que era telepático, para mim era a prova de que éramos encaixes – ficamos ambos sentados sobre a cama.
Suas pernas, molhadas de suor, rodeavam meu quadril, mas faziam pouca força; eu a tinha no meu colo, a centímetros de uma segunda penetração. Coloquei minhas mãos em sua cintura, apertando-a; seu rosto aproximou-se do meu, nossos narizes roçaram. E então eu senti seu corpo relaxar sobre o meu, em mais um vislumbre de prazer e – acreditem – amor.
...


Cansados e distraídos num gracioso silêncio. A beleza de Demi era tamanha, que mesmo as feições recheadas de cansaço e sono, ainda a deixavam em seus conformes, incrivelmente bonita. Meu corpo nu enlaçava-se ao dela, e eu me esquecia totalmente de quem éramos, onde estávamos, quem mais estava ao nosso redor. Havia palavras querendo escorrer da minha boca, mas ainda um ego as impelia. 
Tirei meus olhos da minha Demi para olhar à janela, observando a noite. Ali achei o que eu queria. As cortinas, mostrando-me o crepúsculo da minha cidade, lembrando-me meus pais.Voltei a encarar Demi, já tinha seus olhos felinos encobertos pelas próprias pálpebras.
- Demi – chamei-a. Abriu os olhos com preguiça, sorrindo com os lábios secos.
- Joe. – ela disse – Joe Jonas. – sorriu – vai dormir. Fora minha vez de rir abafado.
-
 Je t’ame. – disse-lhe, já com medo de sua reação. – Je t’ame.
Demi me encarou por um tempo, como se procurasse algo no meu rosto. Depois, repentinamente, beijou meus lábios docemente, como nunca fizera antes.
- É a você que eu pertenço. – ela disse baixinho no meu ouvido. – apenas a você. – repetiu, aconchegando-se em meu peito e entregando-se ao sono.
Ainda repeti diversas vezes em murmúrios aquelas palavras “Je t’ame Je t’ame...” Eu havia falado aquilo a ela, as três palavras. De um jeito diferente, eu não podia deixá-la mais traumatizada do que já era com as três palavras. Meus pais tiveram o casamento na França; e eu me lembro como se fosse hoje, o quanto eles diziam que se amavam. Eu a amo. Eu tinha certeza disso. Não tinha? 

Emily’s POV

Ster estava demasiado assustado. Não pude, durante um minuto, deixar de acolhê-lo em meus braços. Sua raiva era tremenda, ainda mais com aquela maldita idéia de querer chegar perto do quarto deles quando achou que havia acabado. 
- Ele disse que a amava. Está tudo acabado, eu nem tenho mais chances. Não sei por que um dia achei que tive. Ela é determinada...
- Você quer dizer teimosa, ela é teimosa. – interrompi-o.
- Não, determinada. – Ele teimou.
- É. Teimoso é você. Continue. – disse, alisando seus cabelos.
- Ela disse e repetiu, é a ele que pertence. – e finalmente Ster abriu os olhos. Não estavam mais límpidos, e sim avermelhados. Ódio e tristeza vigentes não cor ruge.
- É indomável. Demi é indomável. – encarei a sua figura calmamente, tentando lhe passar a minha calmaria. – tente entender que nem você, nem Joe jamais a terão completamente em suas mãos como ela, pelo que vejo, já os tem.
- Isso é ridículo.
- Isso. – apontei para seu peito, indicando o seu ego – é machismo. Aposto como se a situação fosse inversa não haveria esse tom na sua voz, mocinho.
- Vamos parar com isso? Estou me sentindo uma donzela! – exclamou Ster, levantando sua cabeça do meu colo. Suspirei fundo, vendo-o levantar da cama. Ele era tão bonito, não havia necessidade de sofrer daquela maneira. Eu tinha plena noção de que Demi estava em dúvida, mas também tinha plena noção de a sua escolha final seria Joe. Tinha de ser.
Ster puxou uma toalha de dentro do gaveteiro de mogno e entrou no banheiro:
- Finja que nunca me viu nesse estado. – disse em seu tom grave. Assenti com a cabeça.
Deitei minha cabeça na cama. Estava pesada. Eu estava sentindo aquilo de novo, aquele mal-estar. Não queria acreditar que tinha de acontecer logo agora, e que eles poderiam descobrir o 
meu segredo. Estava ficando pior.
Virei-me de lado, encolhendo o corpo, a dor estava ficando mais insuportável. Sentia as células corroendo em desconforto. A visão ficando embaçada, a dor de cabeça aumentando cada vez mais. Daí então, eu apaguei.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

BigFanfic.Capítulo 11 - Boss

Hot Boss Joe’s POV on 
Eu jurei ter ouvido vozes enquanto me ensaboava no chuveiro e, por isso, tratei de acelerar meu banho, enxaguando mais rapidamente o xampu do meu cabelo. Saí do Box, mal me enxugando e enrolando a toalha na minha cintura, ou um pouco (muito) abaixo da linha que denominariam ser a cintura, e abri a porta do banheiro. Lidei com um ambiente um pouco mais frio, e tive uns arrepios involuntários pelo ar gélido. Não me lembrara de ter deixado a janela aberta. Olhei para o lado da cama e vi Demi deitada de lado. Emoldurada pelo vestido vermelho. Os cabelos rebeldes deixavam-na como uma medusa – a mais bela medusa -, e sua respiração lenta e compassada atingia em cheio minha sensibilidade à sua feminilidade. Como ela poderia ser tão atraente? Eu estava me aproximando da minha – agora – namorada quando ouvi vozes sussurradas vindas da sala de estar. 
Assustado, dei passos cautelosos até a porta do quarto, abrindo uma pequena fresta e ali me escorando, procurando saber quem eram os invasores da minha casa.
- Ster? Por favor, volte a falar. – dizia Emily. Mas que diabos Emily fazia aqui? E muito mais, Ster! Ele sequer avisara ou... A gente nunca avisa, nem sei por que me incomodo. Talvez seria pelo rumo em que as coisas haviam tomado. Ster e Emily estavam lado a lado, e ela tentava consolá-lo, uma das mãos em seu ombro. Meu amigo tinha a cabeça baixa e uma expressão chorosa que eu jamais vira. Ambos sentados na namoradeira vermelha, e num gesto que me pareceu uma calamidade! Ster chorava! Emily, a super poderosa, estava triste, com dor! O que estava acontecendo conosco? E para celebrar com cobertura de chocolate, eu estava apaixonado.
Para permanecer são, permiti-me abstrair pensamentos catastróficos e prestar atenção na conversa.

- Emily, você não entende... É muito mais forte que eu. Como pode ser possível que algo dessa intensidade não convenha... a esse ramo, digo, de relacionamento?
Emily continuava silenciosa, acariciando os cabelos de Ster como uma mãe coruja. Lembrava-me, em relampejos, de quando éramos crianças e Emily, como a mais velha, sempre nos trazia conforto. Ela olhava para ele com clemência. Meu coração batia tão forte contra meu peito que eu mal sabia como conseguia permanecer ali sem ser notado. A adrenalina era impossível de se segurar, minhas veias estavam gritantes; o que o ciúme não fazia com o corpo de um cidadão?
Eu não conseguia imaginar sequer a cena de Ster como meu concorrente. Não, de jeito algum. Ster era muito melhor que eu em tantos quesitos; ele era organizado, firme, inteligente. Ainda tinha aquela fama de bom namorador, ao invés da minha de lançador de rede: o que cair na rede é peixe.
- O cheiro dela, Emily, é cativante. E ela estava ali, tão simplesmente vulnerável, serena como nunca havia visto. Eu não sei como nunca pude tê-la notado antes... Demi me parece a mulher que sempre sonhei. – Ster continuou, fazendo com que meus dedos apertassem tanto na porta, a ponto de me unhas ali fincarem, tamanha pressão. Eu mal tinha unhas e elas estavam 
fincando na madeira!
- Calma, Ster. Você sabe que não devia ter chegado tão perto. Ouviu o que não queria.
- Aqueles cabelos de medusa – 
por que ele tinha de fazer a mesma comparação que eu? – jogados sobre a cama, o vestido vermelho. O cheiro de sal que o corpo dela emanava. Diga-me, Mily, como privar meu sexo disso? Eu sou homem, porra!
- Ster, pelo amor de Deus. Eu to falando grego? Acalme essa cabecinha. Acho melhor irmos embora antes que Joe saia daquele banheiro. Ou acho que teremos alguns problemas...
Eu respirei fundo. Hora de intervir ou fingir que nada havia acontecido? Novela Mexicana ou falta de adrenalina nessa estória?
- Problemas comigo? – Eu disse, entrando na sala na maior cara-dura, fingindo ter acabado de tomar banho. Emily e Ster logo voltaram seus olhares para mim, e eu os encarei amistoso. Ironias a parte, jovenzinhos...
- Oi Joe! – Emily logo disse, vindo em minha direção com os braços abertos. Abracei-a, e percebi que Ster aproveitara a deixa para enxugar as lágrimas dos olhos. 
Eu ainda me pergunto, até hoje, por que Emily tinha aquele cheiro de chocolate. Ela não tinha cara de chocolate. Digo, loiríssima com aqueles olhos escuros e a pele branca como pérola; ela não tem cara de chocolate. Assim que desfiz meu abraço com Mily, Ster já estava de pé, e seu rosto transparecia sua tristeza. Ster nunca fora um bom ator, assim, como eu. Ele sempre deixa escapar.
- Então... Qual a surpresa de trazer Emily, Ster? – disse eu, num teatro amistoso. Ster olhou fundo em meus olhos, ele sabia bem que eu estava atuando; mas eu mantinha minha pose, e por que não manter? A atuação é tão perfeitamente mais conveniente do que uma briga, uma discussão. Eu chamo atenção por ser discretamente cara-de-pau. É só olhar para trás e revisar os detalhes.
- Queria que Emily... – ele hesitou – conhecesse isso aqui. - Afinal, um dia essa casa pertenceu à ela também, não é?
- Por obséquio. – eu disse, enfim apertando a sua mão, pegando-o de surpresa. Trocamos olhares devastadores. Sequer tinha forças para desviar atenções a Emily, que por acaso ainda continuava ali, parada, esperando por quaisquer reações.Emily sabia que nunca nós três ficamos daquele jeito. Principalmente quando o assunto envolvia a mim, Ster e as fêmeas (com a óbvia exclusão de Emily). Vinham em minha cabeça as imagens de mim com Demi; eu nunca fora tão feliz com uma mulher – não mais uma fêmea, 
mulher. Foi para ela que eu cedi os meus romantismos sem atuações, sem bancar o cafetão ou o galã de cinema, deixando-me levar para ser apenas o velho chefe, Joe Jonas.
Eu não a entregaria a Ster. Eu sabia que estava sendo egoísta, mas e se eu não fosse... poderia perdê-la para sempre, simplesmente; e essa era uma idéia que minha mente não podia suportar. Mal tive a oportunidade de tê-la, como posso perdê-la?
Os olhos de Ster pareciam ameaçadores, principalmente pelo fato daquelas pequenas veias vermelhas – saltadas pelo fato de ele estar chorando há pouco – ainda estarem aparecendo, rugindo sua raiva e desavença. 
- Por que você está me olhando assim? – perguntei sem mais rodeios, revirando os olhos e sentando no sofá. 
Desviando da raivinha de Ster, busquei Emily, e dei sinal para que ela se sentasse também. Vi-a engolir seco e, assustada, sentar-se numa poltrona ali perto, logo juntando as mãos e passando a massageá-las freneticamente – mal sinal -, ela estava nervosa, estressada, e a ponto de explodir.
Com muita calma, pedi com a mão para que Ster sentasse ao meu lado, no sofá vermelho-sangue.
- Diga-me, Ster. Diga-me de uma vez. Você está estranho, conte-me a verdade. Estamos no nosso lar, na casa da verdade, no nosso esconderijo. Estamos nós três aqui, os melhores amigos, como sempre... – eu disse, mas antes que continuasse, Ster interrompeu.
- Todavia temos uma intrusa. – ele disse, mantendo o olhar sobre horizonte. Segui meu olhar para o exato lugar onde estava o seu, e não foi exatamente o horizonte o que eu avistei.
Demi estava parada. Seu vestido vermelho rasgado e um pouco sujo de areia; os olhos mostrando cansaço, mas ainda assim de uma intensidade sobrenatural. Sorria sarcástica, uma das mãos descansando sobre a cintura fina.
- Uma intrusa na reunião. Desculpe-me, Ster, se te incomodo... – Ela disse chegando mais perto. Sentou-se em uma das poltronas, ao lado de Emily, e cumprimentou-a com um olhar cúmplice. – Estou abismada com sua falta de educação, Ster. Sempre pensei que o 
Senhor fosse educado, prendado... Claro, isso antes da sua repentina mudança de comportamento... São as drogas? Sua mulher anda te traindo? Afinal, qual é o seu problema?
Estávamos os três boquiabertos com a entrada standart de Demi. Faltou um público para aplausos na minha (humilde) opinião. Se eu não tivesse a certeza de que seria rechaçado, realmente levantaria em ovação. “Bravo, bravo!”. Porém não foi o medo de ser rechaçado que me manteve estático. O olhar que Ster levou à Demi foi insano; desejoso e ao mesmo tempo enfrentador. Eu estava entendendo tudo perfeitamente agora. Vamos então aos fatos. Ster está a fim de Demi.
Demi está arqueando uma sobrancelha para Ster. Eu namoro Demi. Emily está abismada, mas eu consigo ver mais: Ela não sabe se ri ou chora.

- Ster? Responda. – Demi insistiu, fitando-o intensamente. Seus olhos cansados lhe davam um ar cada vez mais terroso; e os cabelos cheios e bagunçados lhe confundiam com uma bruxa maléfica. O corpo esguio e sedutor esta ali, sempre reconhecível, mas numa sensualidade de enlouquecer a áurea masculina. Eu apenas estranhei os arranhões em suas coxas, ainda vermelhos, recentes. Franzi o cenho e procurei o seu olhar, mas ela ainda fitava Ster, e sua cara chata e decidida não me permitiu uma intervenção, quanto mais uma desobediência.
- Problemas? – perguntou Ster – eu não tenho.
Logo Emily, Demi e eu encaramos Ster numa arqueada conjunta de sobrancelhas desafiadoras. Ele continuou:
- Pelo menos nenhum problema que venha a interagir com sua pessoa, Demi. Eu não devo explicações a você. – ele disse num fingimento meia boca que me fez revirar os olhos e sorrir irônico.
- Faz-me rir, Ster. Você é ridículo. Eu o considerava meu herói, e agora você fica aí fazendo papel de paspalho. Quantas faces você tem? E quando vai deixar de ser dois ao mesmo tempo? – ela perguntou rápido, cuspindo as palavras. Eu apenas ria, claro que disfarçando, colocando uma das mãos sobre a boca; isso porque Emily soltava olhares repreendendo-me.
Suspirei fundo colocando a mão que tampava meus sorrisos sobre o queixo. Eu esperava um barraco mais longo... Mais divertido. Uma pena.
Antes que pensem que sou masoquista, eu tenho a certeza absoluta de que Demi não me trocaria por Ster. E disso eu tive certeza quando ela sentou na cadeira e olhou 
daquele jeito para ele.
Uma das coisas mais importantes que já aprendi em minha breve vida foi interpretar olhares. Então, considero o fim da concorrência. Pelo menos da minha parte.
Cogitar um ‘se’ nessa história me daria apenas dores de cabeça. Vamos deixar os ‘se’ para os catastróficos, como Emily, por exemplo.
Olhem para ela. Ela se contorce na cadeira, ela se incomoda, preocupa-se demais com todos nós. Eu nem ao menos sei por quê. Pergunto-me se Emily não tem vida pra cuidar...
- Acho melhor vocês pararem por aqui. – disse a própria, Emily Summers, levantando da cadeira e puxando Ster. – Vamos voltar. – disse ela, segurando Ster pelo braço, dirigindo-se a ele.
- Estão malucos? São onze horas da noite! – exclamou Demi – Vocês dormem aqui e vão embora ao amanhecer. A casa também é de vocês, certo?
Tive de decidir entre olhar para Demi se levantando naquele vestido rasgado ou contar o número de vezes que Emily se recusava a dormir com Ster. Eu preferi olhar para Demi. Aproximei-me para tocá-la, sentir sua pele geralmente quente... assustei-me sentindo-a agora bastante fria.
- Está gelada – eu disse, bem perto dela, dando-lhe um beijo na testa.
- Meu calor ta ocupado. – respondeu – fritando os neurônios que me restam – disse rindo.
Beijamo-nos levemente devido aos convidados... espera, convidados?
 Quem convidou? 
Imediatamente tentei aprofundar o beijo em seus lábios macios, mas ela fincou as unhas em meu rosto, recusando-se.
- Eu conheço o seu jogo, chefe. – deu uma piscadela – Só não esqueça de que você está só de toalha...
Saiu dando risada e se dirigindo a Ster e Emily. Balancei a cabeça negativamente, imaginando o que seria de nós até que os raios de sol dessem o ar da graça...
Demi’s POV on

- Emily, eu posso falar com você? – foi apenas o que eu disse quando consegui me aproximar dos dois. Emily me encarou assustada, enfim balançando a cabeça positivamente. Não me dei ao luxo de deixar minha visão escorrer para Ster. Puxei Mily pelo braço, levando-a para a cozinha.
- Acho que você precisa de um copo d’água. – eu disse, procurando o copo na estante enquanto ela se debruçava no balcão.
- Preciso mesmo. – falou bufando – Agora eu pergunto, qual é o problema de vocês três? Por que diabos Joe estava rindo? E por que você está parecendo uma bruxa malvada e sensual? E por que Ster ta parecendo um doido bipolar? E DESDE QUANDO AS COISAS MUDARAM E NINGUÉM ME FALOU?
Dei risada enquanto colocava água no copo. Virei-me para encará-la com um sorriso maroto.
- A super-girl perdeu a consciência? – ri mais uma vez, entregando-lhe o copo – Então quer dizer que Joe estava rindo? Coincidência... – pensei alto.
- Coincidência? – Emily perguntou entre um gole e outro.
-Sim. Eu estava aqui imaginando... Acho que voltamos aos nossos personagens. Reflita.
Emily me olhou com uma baita cara de interrogação. Eu dei de ombros e sorri para ela, que ainda estava assustada e preocupada.
Tirei o copo de vidro da sua mão e coloquei sobre o balcão. Enlacei meus braços pelo seu corpo fino e pequeno, abraçando-a com força.
- Emily, pare de se preocupar com isso. Logo as coisas vão resolver-se por si mesmas. Não há nada de tão complexo. Você está vendo algo complexo? – perguntei, ouvindo-a murmurar negativamente e espalmar as mãos em minhas costas – Então pare de se preocupar. Relaxe. E, olha, eu tenho uma boa notícia para você. – disse me afastando.
- Qual? – ela perguntou, já com um leve sorriso de esperança nos lábios.
- Eu e o velho Joe estamos namorando, não é épico? Eu ainda estou estranhando, mas... – fui incapaz de completar a frase porque Emily pulou no meu pescoço, entortando minha pobre coluna.
- Ah, que lindo! Conte-me tudo, quero saber os detalhes!
Fui forçada a sentar à mesa de jantar e contar ‘timtim por timtim’ para a Senhorita Summers. Pode parecer entediante, mas eu me senti estranhamente maravilhada com aquilo. Havia uma cumplicidade entre nós duas, eu me sentia bem contando aquilo pra ela; eu me sentia bem tendo alguém ao meu lado, se importando comigo...
Todavia algo me incomodava periodicamente naqueles olhos azuis escuros de Emily; não apenas pelo fato de eles serem conforto e ameaça ao mesmo tempo, Emily tinha seus olhos transmitindo o vislumbre de espanto. Ela estava falando alguma coisa que eu não entendia muito bem, isso porque me ocupava decifrando seus olhos, então eu a interrompi:
- Emily, fale o que você realmente quer me falar. Uma heroína não deve mentir. – eu disse sorrindo o mais sincera que eu podia. Por um breve momento senti que estávamos sendo observadas, mas acabei por dar de ombros.
- Não tem... – baixou a cabeça.
- Minta olhando em meus olhos. É bem mais difícil. – falei para ela. Dessa vez minha voz estava mendiga. Eu não estava sendo dura. Mesmo em palavras que poderiam ser julgadas como duras, eu as tornei límpidas e amigáveis, principalmente quando toquei a mão de Emily.
Nunca pensei que podia me dar bem com alguém assim. É diferente como numa relação com um homem. Se você está numa relação com um homem e está tudo muito bem, sem juras de amor com as três palavras tóxicas, culpamos o sexo. Algo como, sexo todo dia ou sexo muito bom. Homens preferem não largar mulheres assim, acreditem. E essa é a diferença. Por isso, sempre considerei a relação entre mulheres muito mais difícil, sem falar que estamos sempre competindo, quer queira, quer não. Mas eu e Emily? Nada. Sem competições.
Apenas cumplicidade, amizade. Aquelas coisas bonitas e clichês que todo mundo tem vontade de encontrar e ter, mas acham que são tão impossíveis quanto encontrar o Papai Noel.
Naquele breve momento eu podia sentir estrelas nos meus olhos, um borbulhar no meu estômago. Dentre os milhares de monstros que eu guardava comigo, Emily acabou de matar um deles.
Ela sorriu largo com seus lábios finos, mostrando os dentes pequenos e enfileirados perfeitamente, olhando em meus olhos.
- Eu sabia que no fundo você era humana. – ela riu, e eu a acompanhei. Não consegui sentir Ster ou Joe, apenas ouvia nossas gargalhadas escandalosas ecoando pela casinha aquecida.
- Você sabe o que está acontecendo, não sabe, Emily? – perguntei.
- Eu sei... – suspirou – E o que você vai fazer?
- É uma boa pergunta. – minha vez de suspirar, deitando minha cabeça na mesa.
- Deixe que o tempo te leve... – ela disse, e ia levar as mãos ás minhas pernas, para cobri-las com o pano vermelho. Logo avistou os arranhões. – O q-q-que foi isso? – gaguejou assustada.
- O resultado do que você viu naquele quarto. De quando você ficou com aquela cara de gárgula. 
- Eu não entendo... – ela disse, mexendo a cabeça negativamente.
Sentei-me de forma correta, ajeitando minha coluna no encosto. Ajeitei os cabelos para que parassem de cair no meu rosto e respirei fundo.
- Ele veio ao meu quarto. Eu já estava acordada, mas com preguiça de abrir os olhos, como sempre. Joe me ocupou durante o dia... – eu sorri um pouco - então eu o senti. Ster... é tão estranho o efeito dele em mim. Sempre foi assim. Eu sempre tive uma vontade extraterrestre de puxar ele pelos cabelos e – baixei o tom de voz, quase sussurrando – você sabe...
- Sei sim... – ela concordou sorrindo – ele é realmente muito bonitão.
- Não. Não é apenas a beleza. Tem algo a mais. Como um empuxo, que me prende. Na verdade, é mais animal. Mais como se ele usasse perfume de feromônio; e agora, de repente, nós dois somos animais estúpidos e loucos. Ele me prende, me segura, me trava.
- Não entendo... Mas por que então você namora o Joe?
- Joe é a gravidade, o equilíbrio. Ele me solta, me liberta. Eu preciso do Joe todo dia. E tenho a plena certeza de que uma noite com o Joe me deixaria levinha. Só que já começou, e eu só descobri isso agora. Ela passou um tempo me encarando, talvez me chamando de louca.
- Você filosofa demais. – ela riu. – Mas eu entendi. E os arranhões?
- Ah, sim! Os arranhões! Pois bem, Ster entrou no quarto, e eu automaticamente senti sua presença. Permaneci daquele jeito, fingindo estar adormecida, esperando sua reação diante de mim. Aliás, Joe estava no banheiro, ele não podia se exceder em quaisquer reações. Ele veio para perto, muito perto. A única coisa que eu pude tocar foram minhas próprias coxas, e ele ainda pôs as mãos sobre as minhas e... 

#FLASHBACK#

- Você sabe que poderá vir a mim quando quiser e bem entender. Eu não me importo com esse outro que te tem o tempo todo. Eu preciso de você. – sussurrou a voz máscula do chefe.
Subiu e desceu as mãos pelo corpo esguio, delineando, memorizando os traços com o tato. Uma loucura, sim. Era instinto animal.
- Onde está a sua coleira? – Ela sussurrou de volta, os olhos ainda fechados e um sorriso sacana nos lábios secos. – I don’t belong to you. – disse séria.

#

- Você disse isso a ele?- perguntou Emily assustada.
- Claro que disse! Eu não trairia o Joe. Mesmo que aquele velho tarado me traia – eu ri – Jamais o trairia. Muito mais com o Ster, e com a desculpa de instinto animal. Eu sou uma humana, você mesma me assegurou disso.
- É...
- É. – disse-lhe – É, é e é. Sem reticências. – Levantei-me.
- Ta, e os arranhões? – ela perguntou, franzindo a testa.
- Quando seu corpo não responde os estímulos nervosos, você força outros estímulos... Eu só consegui me arranhar para não avançar como um animal no cio. 
- Isso é muito loucura para a minha cabecinha... – ela reclamou.
Eu ri e a ajudei a se levantar, estendendo minha mão.
- Tome um banho, tenho um pijama para te emprestar. Vou conseguir toalha também. E bote um sorriso nesse rosto, minha jovem! Você vai dividir a cama com o chefão gostosão Ster, e que ele não me ouça dizendo isso! – Rimos.

Providenciei o necessário para Emily e então voltei para o quarto que Joe considerava como ‘nosso quarto’. Abri a torneira para que a água enchesse a bela banheira ali presente. Fiquei um tempo olhando-me no espelho, a porta ainda estava aberta, qualquer um podia entrar; deixei que a aleatoriedade do destino fizesse seu trabalho, estava cansada de planejar, pensar, decepcionar, culpar-me.
Prendi meus fios rebeldes com um elástico e fiquei a observar minha face. Como poderia minha própria face trazer tormentos? Cada traço me lembrava terror. Minha última esperança era de que com a maior aproximação com os chefes da revista eu pudesse, ao menos, adiar a viagem... Seria tão mais fácil. Com a banheira cheia, não me dei ao trabalho de tirar o vestido, ele parecia já se fundir ao meu corpo mesmo... Preguiça.
A água estava adoravelmente morna. Deitei-me e joguei a cabeça para trás, respirando fundo numa tentativa frouxa de relaxar e fechando os olhos.
Senti uma presença que imediatamente interrompeu meus pensamentos de viajarem em saltos mortais por sobre a maionese (ficou até chique falando desse jeito). 
- Demi? – a voz chamou. 
- Feche a porta, tranque-a e venha aqui. – eu disse rapidamente. Podíamos transformar essa noite numa história de terror.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Aviso !

geeeeente, queria agradece as duas leitoras que sempre comentam *-*
: HERE FOR YOU &' ALÍCIA SOARES, véi voces são um amor mesmo viu, eu amoooo postar pra voces, voces são dms *-------* s2

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

BigFanfic.Capítulo 10 - Boss


Abri os olhos em desespero, deparando-me com as costas nuas e levemente musculosas de Joe. Meu coração batia com tamanha força sob meu peito; era impossível controlá-lo. Minha respiração era descompassada, louca; eu tentava inutilmente me acalmar e fechava os olhos com força, procurando fazer com que a dor se dissipasse. O pesadelo parecera tão real. Eu ainda podia enxergar as ruas de Nova York passando rápido pela janela do carro, onde eu e ele estávamos. Aquela cena se repetira várias vezes. O fogo era sentido pelos meus pulmões, que reclamavam da fuligem e do gás carbônico excessivo, sufocando. Tudo fora tão rápido e tão incrivelmente doloroso...
Com cuidado, retirei lençóis e edredons que me enrolavam, passando a cobrir mais o corpo do meu querido Joe, impedindo-o de sentir frio, possivelmente, com a ausência do calor do meu corpo. Os raios da aurora reluziam forte por sobre a cortina espessa, o amanhecer me chamava para conhecê-lo. Estava com um sono implacável, mas morria de medo de que, se fechasse os olhos, voltasse a ter aquele infeliz pesadelo. Eu não agüentaria mais um segundo. Percebendo estar nua, procurei pelo chão aquele pijama podre do Bob Esponja, sem sucesso. Comemorei um pouco por não tê-lo encontrado; deveria ter voltado ao inferno, onde pertencia. Coisas felizes demais ainda me assustavam. Joe, deitado naquela cama, com tal calma, assustava-me. Diferente da tristeza, a felicidade assusta qualquer um. Você não fica surpreso por estar triste; a não ser que seja alguém sou-feliz-all-the-time que quando fica triste quase comete suicídio.
Admito ser alguém que não sabe ainda o sabor da felicidade, da satisfação. Aliás, eu até sei. Satisfação sexual, serve? Sem mais delongas, eu admito a mais pura verdade: Fui triste a maior parte da minha vida. Mas será que agora vinha a felicidade? Joe era maravilhoso, eu sabia. E a cada dia, a cada surpresa, a cada beijo, a cada toque, a cada olhar, a cada troca de palavras... Enfim, romantismos à parte, gradativamente ele me parecia mais perto da felicidade. Eu vou ser feliz?
Procurei alguma roupa daquelas que Joe havia comprado para mim, mas não me interessei por quaisquer. Por isso, abri o armário dele e procurei por uma daquelas camisas largas masculinas, com cheiro de perfume francês. Avistei algumas coisas estranhas lá, mas estava sonolenta demais para me pôr a bisbilhotar; o faria mais tarde. A blusa escolhida era amarela e batia nas minhas coxas, por isso necessitei de uma adorável boxer negra, confortável à minha intimidade, devo acrescentar. Na blusa, havia palavras ‘Dig If u will the picture’, as quais eu logo reconheci como da música When the Doves Cry, do Prince. Música bem velhinha. Joe é velho. É, combina com ele.
Ligando em meus lábios um sorriso leve, dirigi-me àquelas cortinas e ali me escondi, observando a aurora do dia, que já se fazia com a presença de algumas nuvens acinzentadas. E então, em meio aos meus pensamentos, aquele pesadelo retornara e assim vieram meus problemas. Chega a ser engraçado como os problemas do passado, aqueles que você enterra cuspindo, voltam na primeira oportunidade; são insistentes, incontroláveis. Ralhei um pouco contra o vidro da janela, espalmando minha mão ali e sentindo o frio me tocar. As cortinas cobriam meu corpo, eu havia me infiltrado nelas, apenas para sentir melhor o paraíso gelado que se fazia do lado de fora.
Eu sei que estava sendo errada, fugindo sempre, mas já havia virado rotina. 
Se o mundo vira as costas para você, você vira as costas para o mundo. Timão me ensinou isso e eu aprendi perfeitamente. Só não tem ninguém para provar isso, só consigo provar o infeliz fato de estar sozinha. Sim, eu sei que Joe está deitado naquela cama e nas diversas vezes em que havia me possuído, fez sentir como se pertencíamo-nos mutuamente. Era como se houvesse dois de um só. Há quanto tempo estava com ele? Dois dias? Não poderia tomar decisões precipitadas. Eu ainda estava sozinha, como sempre. A solidão me persegue...
Já sentindo possíveis lágrimas brotarem em meus olhos, ergui a cabeça, como se as tivesse engolindo; solitária sim, mas eu não me conformaria em ser triste. Não me conformo e nem devia.
Inspirei o ar doce e voltei a encarar a paisagem na janela. Os raios de sol já surgiam altos pelo horizonte. Parecia que o mar trazia o sol, como se o abraçasse em despedida. Eu assistia a aurora do dia com um sorriso fraco nos lábios, ainda havia esperança residindo em meu corpo, exigindo paciência. Não tinha a mínima idéia de quais seriam minhas reações ao respirar o ar da Grande Nova York, mas talvez fugir não fosse a opção; eu só precisava esquecer o passado e viver o presente. Presente como aquele que se deitava na cama aquecida, enrolado entre lençóis macios, respirando pausadamente em seu sono mais profundo. Mesmo com o sol inteiro acima do mar, demorei a acreditar que iria dormir sem pesadelos e só me senti segura quando ouvi o canto dos pássaros, a natureza me dando forças. Saí da janela cautelosamente, fechando as cortinas com cuidado para que não iluminasse demais o cômodo e acabasse por acordar o adormecido.
Voltei à cama, deitando-me ao lado de Joe e encarando seu rosto sereno. Cobri-me com os lençóis, apenas deixando o edredom de lado, aproximando meu corpo do dele o máximo possível; encaixando nossos corpos e fazendo com que o calor transitasse com mais facilidade. Eu senti a respiração dele tocar meu rosto, ventilando, e inspirava aquele ar intoxicado, perdendo-me em meus mais oníricos devaneios. Sua pele de alabastro agora podia ser enxergada por mim, devido à luz que já invadia o quarto sem permissão, atravessando as espessas cortinas, eu me deleitava em cada traço daquela bela pele. Senhor Joe
, tão completamente airoso... Pensava eu, fixando meus pensamentos nele, jamais teria pesadelos. Esperei estar certa. Meus olhos coçavam insistentemente, e se debatiam contra a minha força de vontade, eles queriam se fechar, descansar; mas como eu poderia relaxar? E se aquelas imagens voltassem?
Naquele momento eu cheguei à mais óbvia conclusão: Eu não queria ir à Nova York, não queria mesmo. Eu não sairia daqui de forma alguma a não ser... a não ser que Joe fosse também. Eu preciso dele. Minha dose dele deve ser diária ou toda minha aflição retornará. Para onde mais eu irei? O que mais eu serei? Para quem mais terei de mentir, enganar, subornar?
Esconder-me. Refazer-me. Eu não tinha mais forças para isso. E Emily, com quem tive uma amizade tão verdadeira? E Ster, meu Deus? Eu ainda tinha um apreço por ele; algo me dizia que aquele cara, meu chefe, guardava algo para mim. Entretanto, não era como Joe. Eu sabia disso. E se ele viesse a confundir as coisas, eu iria repeli-lo. Por mais que aquilo viesse a machucar meus sentimentos e, principalmente, machucar o apelo que meu corpo sentia diante ao dele. Eu me privaria. E isso doeria. Acho que já estou suficientemente acostumada com a dor...
Desejando que meus pensamentos catastróficos cessassem, adormeci; e a última coisa que senti foi o braço de Joe me trazendo para mais perto de si, acolhendo-me, forçando-me a inspirar o perfume másculo que seu peito exalava, inebriando...

A Narradora informa: Apresento-lhes, caros leitores e leitoras, o ponto de vista de alguém que vocês já devem conhecer. Dona de cabelos louros e olhos escuros, de uma mente limpa de preconceito, de uma facilidade em transpor, em palavras, os sentimentos alheios; trago-lhes Emily Summers. Ela vai ser nosso terceiro olho na estória de Boss. Talvez, seja de conhecimento de vocês, leitores, que esta fic não é apenas pornografia. Emily vai mostrar a vocês o sentimento de cada personagem dessa história, de cada traço e desenlaço de suas vidas; com esse cruzamento de desejos, sentimentos, amizades e paixão. Dêem as boas-vindas à Summers.

Emily’s POV on

- Mas por quê? Por que você está fazendo isso? Eu ainda não entendo! Se me disseste que a ama, que gosta dela, por que fez tão mal a ela?
- Eu nem sei direito, Mily. – disse Ster desapontado. – Mas você viu o que ela fez? Ela não se importou! Isso é o que mais me deixa chateado. E agora ela está com Joe e, pior, parece tão feliz. Eles têm aquela cumplicidade... Porra, Emily.
Estávamos sentados nos bancos esverdeados da Starbucks. Ster à minha frente, os cabelos sendo periodicamente bagunçados pelas mãos nervosas; sua expressão tão extremamente em agonia, transmitindo à mim, sua melhor amiga; e eu era capaz de sentir um aperto no peito.
- Calma, Ster. 
- E como? Como eles puderam fazer aquela relação em tão pouco tempo? Dois dias? DOIS dias?
- É incrível, eu sei. Mas devo lhe confidenciar de que diversas vezes eu ouvi o nome de Demi pronunciado por Joe. E vice-versa. – antes que Ster pudesse abrir a boca para revidar, eu já havia começado a falar – Eu sei que antes era de raiva, de repulsão. Mas você já devia saber que, no fundo, aquilo era uma forma de aproximação. Quantas vezes essa história já apareceu em filmes de romance?
Ster olhou para cima, pensando, e enfim encostou a cabeça para trás. Aproveitei a deixa para tomar um gole do frapuccino, molhando os lábios com calma, suspirando. Eu era aquela pessoa intermediária. Era amiga de Ster, de Joe e de Demi. E eles eram tudo que eu tinha. Eu não tinha namorado, não havia me apaixonado como nenhum deles; não havia sofrido como Demi; não havia sido cafajeste como Joe; e muito menos tive uma vida regrada como a de Ster. Eu apenas tinha um segredo e, juntamente a esse segredo, eu mixei um dever: Iria ajudá-los no que fosse. Meus três amigos.
- Ster? – ele voltou a encarar-me com seus olhos opacos e sem esperança – E Tiff? Você ainda a tem.
- Eu pedi um tempo à ela desde a primeira vez que vi Joe e Demi juntos. Eu gosto muito dela para vê-la sofrer. Eu só preciso de um tempo pra pensar.
- Então... vá a algum lugar. Algum lugar que lhe faça pensar, e clarear suas idéias...
- Mily... Posso te levar a um lugar? – perguntou-me Ster, os olhos extremamente pedintes.
- Mas... Amanhã...
- Nós voltamos ainda hoje, my friend. Confie em mim. Eu preciso te mostrar uma coisa.
Seguimos ao carro de Ster, um daqueles carros de gente rica que eu não sei dizer de onde veio, como veio, qual a marca ou qualquer outra coisa. Só sei que era grande e azul-marinho. Ele ligou a ignição e começou:
- Lembra da brincadeira que fazíamos quando éramos pequenos? Quando eu e Joe descobrimos o seu segredo, naquela casinha de praia?
- É claro que lembro – eu disse sorrindo – Eu e Joe mudamos um pouco aquele lugar, depois de demolirem; mas ainda se parece muito com o que tínhamos na infância, apenas reformamos. Usamos como refúgio. – deu partida ao carro e começou a costurar entre os poucos carros naquele dia de domingo. – Nem sei por que nunca te levamos lá...
- Talvez seja porque, desde que eu me lembre, aquela casa tem dois quartos. – Eu ri. – E eu já decretei que nunca dormirei ao lado de nenhum de vocês, ninfomaníacos.Ster deu uma gargalhada.
- Uma pena, uma loira gostosa como você na minha cama não me faria mal. – Ster brincou e eu bati em seu braço, enquanto ria.
- Cala a boca, Sterling. – disse revirando os olhos.

Hot Boss Joe’s POV on

Eram exatas 2 horas da tarde quando consegui convencê-la a entrar no carro novamente. Demi resmungava insistentemente de que não queria viajar, que adorou aquela casa e que pertencia ao seu 18º sono, naquela cama. Eu simplesmente achei hilário, arrastando-a pelo braço. Fiz com que ela vestisse alguma coisa por baixo, já que ela havia se apoderado das minhas roupas, e ela acabou vestindo um jeans e um casaco (meu) por cima, roupas que não combinavam. Digo isso porque em todas as vezes que a vi em minha vida, suas roupas combinavam com tudo; fosse com seu corpo, com o momento (pode levar para o lado da malícia), com sua personalidade. Ela estava com uma blusa em que eu estranhei muito ela tê-la escolhido; era amarela e tinha um trecho de uma música velhíssima, eu duvidava que ela conhecesse. Não que ela fosse tão mais nova que eu, mas mesmo quando eu ouvi essa música, era pré-adolescente, provavelmente Demi era apenas uma criança. Demi resolveu se jogar no banco de trás, dizendo estar morrendo de sono; ali se encolheu e fechou os olhos.
- Acorde-me quando chegar... – disse com uma voz manhosa.
- Espera, Demi, antes que você desabe de novo...
- Hum?
- Por que essa camisa? – perguntei, logo ouvindo sua risada ecoar pelo carro. Enxergando-a pelo retrovisor, vi seus olhos abrirem e pousarem nos meus.
-
 You are not engaged in a kiss. The sweat of your body covers me. Can you, my darling, can you picture this? – cantou com uma voz que eu duvidei ter saído de sua garganta. Era afinada, feminina e... serena. Como ela jamais demonstrou ser, serena. Deu mais uma risada alta. – Pensa que eu não conheço Prince, velhinho? Eu ri, ligando o som, ciente do CD que ali tocava.
Purple Rain, purple Rain!
Demi gargalhou e virou de lado, voltando ao seu sono profundo, ao som do velho Prince que clamava pela chuva roxa. Suspirei fundo e acelerei para chegarmos logo ao nosso destino.

- Dream If you can courtyard, an ocean of violets in bloom… - sussurrei em seu ouvido, vendo-a despertar.
- Já chegamos? – ela perguntou, o cenho franzido.
- Sim. – disse, abrindo mais a porta de trás para que ela saísse. Desacostumada com o sol, tardou a abrir os olhos devidamente e se espreguiçou diversas vezes. - Não dormiu à noite?
- Tentei, velhinho. Mas você consegue me deixar acordada até quando está dormindo. – Ela disse sorrindo, enfim levantando e parando ao meu lado. Olhou para baixo e analisou as próprias roupas.
- Aqui aparece muita gente?
- Não, quase ninguém. – respondi, vendo-a dar de ombros e sorrir.
- E o que viemos fazer aqui? Aliás... Que lugar é esse? Sequer parece... real. – Sorri com o canto de boca. Aquele era o meu lugar preferido em todo o mundo. Lembrava-me, principalmente, de meus pais. Nunca havia levado quaisquer de minhas mulheres para cá, só mesmo Emily. Apesar de que Emily não é minha mulher, necessariamente. Ela é a melhor amiga; todo mundo merece uma Emily em suas vidas. Foi bom ter visto que Demi e Mily se deram bem de primeira. Eu estava meio apreensivo com isso tudo. Emily conhecia todos os meus segredos, sabia minha vida de cor e salteado e, naquela época, eu ainda tinha Demi como inimiga. Claro, ela era boa demais. O primeiro sentimento que você tem de alguém que é bom demais é de concorrência, mas era impossível concorrer com ela, impossível. Não porque ela era perfeita, mas, porque, há dois dias descobri, ela é meu encaixe. Ela é o que falta em mim. 
Olhei para o lado vendo-a encarar deslumbrada a paisagem. Estávamos em uma montanha, bem acima do mar. O vento, mesmo frio, era banhado por um sol forte. As nuvens não eram capazes de nos alcançar, estávamos pouco acima delas. Pela primeira vez, senti a mão dela envolver a minha – e não o contrário – e o seu sorriso sincero desiludir minha masculinidade.
- Você me surpreende mais a cada dia. – ela disse, seus olhos fixos nos meus.
- Isso é bom. – falei, desvencilhando-me da sua mão e colocando meu braço ao redor de sua cintura. A cabeça dela caiu em meu ombro e ali descansou por alguns segundos, os quais eu viajei até o mais longe planeta procurando palavras que pudessem suportar significados para aquele momento.
Após aquele breve e maravilhoso momento em que estávamos em pé, sentamos em uma daquelas pedras e eu me lembrei de ter trazido material para aquele momento. Pedi-lhe um minuto e saí correndo para pegar as coisas no fundo do carro. Havia vinho de excelente qualidade que eu havia comprado no exterior e ainda uma tábua de queijos diversos, dos mais exóticos aos mais tradicionais. Meu pai costumava dizer que Vinho e Queijo conquistava as mulheres, menos a minha mãe, que era alérgica a laticínios. Ri com o pensamento, lembrando dos meus velhos. Peguei ainda uma mochila, na qual havia guardado algumas coisas para Demi, coisas em que eu precisava que ela aceitasse usar.
Os olhos dela brilharam ao verem comida e bebida de tamanha qualidade sendo trazidas. Preparamos nosso lanche em cima da pedra e os silêncios que teimavam em nos separar eram preenchidos com suas risadas.
- De novo! – disse rindo.
- Vamos logo, puxe assunto, hiena. Eu não consigo mais rir, minha barriga dói! – eu tentava falar.
- Ok... Vamos falar de você, Joe Jonas. – disse tentando ser séria. Demorei para voltar à minha expressão normal. Tomei um gole de vinho e pus alguns queijos na boca.
- O que é que cê qé xabê? – perguntei com a boca cheia e ela se segurou para não rir.
- Hum... Sua família, sua vida... Seus amigos. – disse pausadamente, enquanto brincava com a taça.
Engoli o queijo mal mastigado e enchi o copo de vinho, tomando-o quase todo de vez.
- Minha família: Meus pais morreram quando eu ainda era adolescente. Deixaram uma herança e o sonho da London Music. Então, eu fui para a casa de Emily, minha prima de sei lá quantos graus. A mãe dela me acolheu na época. Nesse mesmo tempo eu conheci o chato do Ster. – sorri – Meus amigos: Ster e Emily. Sempre. E minha vida, não é nada mais do que o que você já viu. É a revista, meus amigos...
- As vagabundas, as secretárias da revista, as mulheres que...
- Não precisa continuar, dona. – eu ri – Admito já ter sido um cafajeste.
- E não é mais?
Sequer me dei ao trabalho de responder. Olhei para ela daquele jeito que olharia para o maior presente da minha vida e sorri largo, balançando a cabeça negativamente.
- Isso é bom. – Ela riu. – Eu não sabia que você, Ster e Emily são amigos há tanto tempo. 
- Somos sim, amizade de ferro. Sabemos tudo um sobre o outro. Quando eu estava tentando montar a London Music, percebi que não sabia nada de administração ou sequer como começar. Foi aí que eu e Joe nos tornamos sócios. Nós éramos unha e carne muito antes de qualquer acordo financeiro.
- Já imaginava – ela falou baixo, olhando para o horizonte enquanto bebericava seu vinho – Eu gosto de vocês três. São realmente pessoas boas. Digo, não mais um cafajeste, um senhor-certinho e uma super-girl. Vocês têm algo a mais. – ela sorriu – Eu sei que têm.
- Claro, não sou mais um cafajeste, sou seu namorado. – disse convencido, sem nem me importar com as conseqüências daquelas palavras.
Demi faltou engasgar. Olhou para mim aturdida, procurando por respostas.
- Repete.
- Eu sou seu namorado. – repeti na cara-dura.
- Você, por acaso, pediu minha permissão?
- Não, eu só preciso pedir aos seus pais. Falando nisso, e a sua família? – pude jurar que depois dessa pergunta, o sol pareceu ter sumido das nossas cabeças. Tudo escureceu. Mas a verdade é que eu estava apenas perdido demais nos olhos de Demi e seus olhos não me passaram muito mais do que trevas.
- Sou órfã.
- Ah... Desculpe-me. Meus pêsames.
- Faz muito tempo. Não sei se consigo sentir falta do que nunca tive. – ela sorriu sem graça – Mas, acho que não devemos falar disso. Você pode fazer a proposta à mim e eu me dou por satisfeita.Eu sorri. Peguei a mochila e dei-lhe. 
- Vá ali, naquela pequena barraca. Está abandonada há anos, mas eu cuido dela, ou seja, está limpa. Vista-se com o que está aqui dentro, por favor.
- Joe, que invenção... – revirou os olhos.
- 
Por favor – pedi sério.
Ela assentiu. Beijou meus lábios rapidamente e, em silêncio, saiu. E, em silêncio, voltou. Silêncio suficiente para que eu não notasse que ela estava em minha frente, em cima da pedra mais alta. Quando olhei para ela, minha respiração foi fortemente afetada. O vestido de gala, aquele que havíamos comprado na pequena loja, caíra perfeitamente em seu corpo, moldando cada uma de suas curvas. Era vermelho, vermelho como o sangue; e o decote delineava seus seios, fazendo-os parecer mais fartos, atraentes e chamativos. Seu rosto não tinha sinal de qualquer maquilagem, mas não aparentava imperfeições. Os lábios estavam levemente abertos, levemente brincalhões. O cabelo era levado pelo vento, ricochetando seus ombros e costas. Demi colocou uma das insistentes mechas atrás da orelha e sorriu para mim. Levantei-me enfeitiçado e fui em sua direção.
- Satisfeito, chefe? – Ela perguntou. Calei seus lábios com o beijo mais apaixonado que pude lhe proporcionar. Aquele vento muito forte me dava uma sensação de que estava voando, não já bastasse os lábios desejosos e a língua esperta na qual me deleitava e confundia os sentidos.Afastei apenas os nossos lábios, ainda deixando nossos narizes em contato.
- Senhorita
 Demetria Lovato. Teimosa, risonha, inteligente, orgulhosa. Mulher mais linda que já conheci. Mulher mais petulante com quem já lidei. – sorrimos – Aceita namorar comigo?
- De acordo com as circunstâncias, senhor Joseph Jonas; Impaciente, esperto, sem-vergonha e... – ela passou um tempo pensando, seu sorriso abrindo malicioso em câmera lenta. Desencostou nossos narizes e voltou com sua resposta em meu ouvido – e bom de cama. Homem mais lindo que já conheci. Homem mais irritante com quem já lidei; Sim, eu aceito namorar com você.
...


Passamos um tempo absorvendo nosso namoro, conhecendo um ao outro com jogo de perguntas e respostas, brincadeiras bestas ou simplesmente conversando. Estava escurecendo quando a vi bocejar e dizer:
- Chefe...
- Sim? – Estávamos deitados sob as pedras. O vinho acabou. O queijo também. Tínhamos apenas um ao outro.
- Você acredita em amor à primeira vista? – perguntou, virando-se para mim. Estranhei a pergunta e franzi o cenho. – Assim, duas pessoas se virem e, de repente, amor?
- Não sei... O que você pensa sobre isso?
- Eu acho que é impossível amor à primeira vista. – ela disse, fazendo com que eu me assustasse e virasse para ela, extremamente confuso.
- Impossível? – perguntei.
- É. – respondeu convicta.
- Mas... Por quê?
- Claro que isso é apenas minha opinião, mas faz sentido. É que eu acho que as pessoas não têm noção da intensidade dessa palavra, amor. Todo mundo diz ‘Eu te amo’, como se fosse normal, simples. Eu vejo pessoas esperando anos por essas três palavras e são tão facilmente enganadas por outras que não dão a mínima. É fácil falar que ama. Eu acho que as únicas pessoas que podem dizer o que é o amor, são aquelas que convivem à longo prazo.
- Faz sentido. – pensei alto – Mas e o amor materno? Mães não amam seus filhos incondicionalmente? - Eu pensava bastante nisso. Agora vejo noticiários, informando que mães abandonam seus filhos. Não têm amor certo, assim. E também não é certo comparar o amor maternal com o fraternal, paternal, conjugal.
- Você me parece ter pensado bastante no assunto. – Ela sorriu envergonhada e voltou a olhar para o céu. Fiz o mesmo. – Eu nunca pensei que pudesse me apaixonar assim. Eu já tive todos os tipos de mulheres que me foi possível, mas nunca me senti satisfeito o suficiente. Dói dizer que nunca amei.
- Eu já.
- Sério? – perguntei, já sentindo o ciúmes voltar a corroer meu coraçãozinho e ferir meu orgulho.
- Há tempos. Mas não era correspondida. Além do mais... – virou-se para mim – eu também nunca namorei. 
- Que revelação! – disse assustado – Mas como diabos uma mulher linda como você jamais pôde namorar?
- Talvez linda demais para ser namorada. Ou petulante demais... – ela riu e se encostou no meu peito. Sorri com ela. – Eu acho que primeiramente você sente desejo, atração. Depois vem aquele sentimento de paixão, algo além de querer sentir a pessoa. Depois vem a cumplicidade e, se houver coragem, compromisso. Daí em diante, não sei mais narrar a história. Mas é por aí que a gente ama, não é?
- É, Demi... Deve ser por aí. – respondi beijando o topo da sua cabeça.

Emily’s POV on

- Ficou realmente linda. – repeti pela trigésima sétima vez naquele momento, enquanto olhava a pequena casa de madeira. O som do mar era o mesmo, o cheiro ainda era de inebriar e, com Ster ao meu lado, o momento não poderia vir a ser mais nostálgico. Visto que eu era mais baixinha, meu amigo pôs o braço ao redor do meu pescoço e me levou em direção à casa. Olhei para o lado e acabei por reconhecer o carro de Joe ali estacionado. Apontei e chamei Ster.
- Ora, mas Joe está aqui? Ele sequer me avisou! – disse Ster indignado. Dei de ombros e voltei a nos guiar para a porta. Estava destrancada. Ster abriu. As luzes tiveram de ser ligadas, a sala estava um pouco bagunçada, mas não pude disfarçar o deslumbre pela decoração.
- Furacão Joe passou por aqui. – Eu disse rindo – Mas está realmente tudo lindo. Eu também quero passe livre para vir aqui. 
- Tudo bem, dona Emily, você o terá. – Ster disse – Dê uma volta, é capaz de você encontrar coisas suas por aí. Eu vou ver se o Joe está no quarto.
Concordei e passei a fazer um tour solitário pela casa. Encontrei alguns objetos que costumavam me pertencer e sorri ao encontrá-los, cheirando-os, lembrando dos bons tempos, na época em que o tempo ainda era ao meu favor. Suspirei. Ouvi o som de chuveiro ligado e estranhei que Ster não tivesse voltado mesmo depois de quase dez minutos passados. Fui ao mesmo quarto em que ele se dirigiu e cheguei a me deprimir com a cena na qual o encontrei.