segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

BigFanfic.Capítulo 10 - Boss


Abri os olhos em desespero, deparando-me com as costas nuas e levemente musculosas de Joe. Meu coração batia com tamanha força sob meu peito; era impossível controlá-lo. Minha respiração era descompassada, louca; eu tentava inutilmente me acalmar e fechava os olhos com força, procurando fazer com que a dor se dissipasse. O pesadelo parecera tão real. Eu ainda podia enxergar as ruas de Nova York passando rápido pela janela do carro, onde eu e ele estávamos. Aquela cena se repetira várias vezes. O fogo era sentido pelos meus pulmões, que reclamavam da fuligem e do gás carbônico excessivo, sufocando. Tudo fora tão rápido e tão incrivelmente doloroso...
Com cuidado, retirei lençóis e edredons que me enrolavam, passando a cobrir mais o corpo do meu querido Joe, impedindo-o de sentir frio, possivelmente, com a ausência do calor do meu corpo. Os raios da aurora reluziam forte por sobre a cortina espessa, o amanhecer me chamava para conhecê-lo. Estava com um sono implacável, mas morria de medo de que, se fechasse os olhos, voltasse a ter aquele infeliz pesadelo. Eu não agüentaria mais um segundo. Percebendo estar nua, procurei pelo chão aquele pijama podre do Bob Esponja, sem sucesso. Comemorei um pouco por não tê-lo encontrado; deveria ter voltado ao inferno, onde pertencia. Coisas felizes demais ainda me assustavam. Joe, deitado naquela cama, com tal calma, assustava-me. Diferente da tristeza, a felicidade assusta qualquer um. Você não fica surpreso por estar triste; a não ser que seja alguém sou-feliz-all-the-time que quando fica triste quase comete suicídio.
Admito ser alguém que não sabe ainda o sabor da felicidade, da satisfação. Aliás, eu até sei. Satisfação sexual, serve? Sem mais delongas, eu admito a mais pura verdade: Fui triste a maior parte da minha vida. Mas será que agora vinha a felicidade? Joe era maravilhoso, eu sabia. E a cada dia, a cada surpresa, a cada beijo, a cada toque, a cada olhar, a cada troca de palavras... Enfim, romantismos à parte, gradativamente ele me parecia mais perto da felicidade. Eu vou ser feliz?
Procurei alguma roupa daquelas que Joe havia comprado para mim, mas não me interessei por quaisquer. Por isso, abri o armário dele e procurei por uma daquelas camisas largas masculinas, com cheiro de perfume francês. Avistei algumas coisas estranhas lá, mas estava sonolenta demais para me pôr a bisbilhotar; o faria mais tarde. A blusa escolhida era amarela e batia nas minhas coxas, por isso necessitei de uma adorável boxer negra, confortável à minha intimidade, devo acrescentar. Na blusa, havia palavras ‘Dig If u will the picture’, as quais eu logo reconheci como da música When the Doves Cry, do Prince. Música bem velhinha. Joe é velho. É, combina com ele.
Ligando em meus lábios um sorriso leve, dirigi-me àquelas cortinas e ali me escondi, observando a aurora do dia, que já se fazia com a presença de algumas nuvens acinzentadas. E então, em meio aos meus pensamentos, aquele pesadelo retornara e assim vieram meus problemas. Chega a ser engraçado como os problemas do passado, aqueles que você enterra cuspindo, voltam na primeira oportunidade; são insistentes, incontroláveis. Ralhei um pouco contra o vidro da janela, espalmando minha mão ali e sentindo o frio me tocar. As cortinas cobriam meu corpo, eu havia me infiltrado nelas, apenas para sentir melhor o paraíso gelado que se fazia do lado de fora.
Eu sei que estava sendo errada, fugindo sempre, mas já havia virado rotina. 
Se o mundo vira as costas para você, você vira as costas para o mundo. Timão me ensinou isso e eu aprendi perfeitamente. Só não tem ninguém para provar isso, só consigo provar o infeliz fato de estar sozinha. Sim, eu sei que Joe está deitado naquela cama e nas diversas vezes em que havia me possuído, fez sentir como se pertencíamo-nos mutuamente. Era como se houvesse dois de um só. Há quanto tempo estava com ele? Dois dias? Não poderia tomar decisões precipitadas. Eu ainda estava sozinha, como sempre. A solidão me persegue...
Já sentindo possíveis lágrimas brotarem em meus olhos, ergui a cabeça, como se as tivesse engolindo; solitária sim, mas eu não me conformaria em ser triste. Não me conformo e nem devia.
Inspirei o ar doce e voltei a encarar a paisagem na janela. Os raios de sol já surgiam altos pelo horizonte. Parecia que o mar trazia o sol, como se o abraçasse em despedida. Eu assistia a aurora do dia com um sorriso fraco nos lábios, ainda havia esperança residindo em meu corpo, exigindo paciência. Não tinha a mínima idéia de quais seriam minhas reações ao respirar o ar da Grande Nova York, mas talvez fugir não fosse a opção; eu só precisava esquecer o passado e viver o presente. Presente como aquele que se deitava na cama aquecida, enrolado entre lençóis macios, respirando pausadamente em seu sono mais profundo. Mesmo com o sol inteiro acima do mar, demorei a acreditar que iria dormir sem pesadelos e só me senti segura quando ouvi o canto dos pássaros, a natureza me dando forças. Saí da janela cautelosamente, fechando as cortinas com cuidado para que não iluminasse demais o cômodo e acabasse por acordar o adormecido.
Voltei à cama, deitando-me ao lado de Joe e encarando seu rosto sereno. Cobri-me com os lençóis, apenas deixando o edredom de lado, aproximando meu corpo do dele o máximo possível; encaixando nossos corpos e fazendo com que o calor transitasse com mais facilidade. Eu senti a respiração dele tocar meu rosto, ventilando, e inspirava aquele ar intoxicado, perdendo-me em meus mais oníricos devaneios. Sua pele de alabastro agora podia ser enxergada por mim, devido à luz que já invadia o quarto sem permissão, atravessando as espessas cortinas, eu me deleitava em cada traço daquela bela pele. Senhor Joe
, tão completamente airoso... Pensava eu, fixando meus pensamentos nele, jamais teria pesadelos. Esperei estar certa. Meus olhos coçavam insistentemente, e se debatiam contra a minha força de vontade, eles queriam se fechar, descansar; mas como eu poderia relaxar? E se aquelas imagens voltassem?
Naquele momento eu cheguei à mais óbvia conclusão: Eu não queria ir à Nova York, não queria mesmo. Eu não sairia daqui de forma alguma a não ser... a não ser que Joe fosse também. Eu preciso dele. Minha dose dele deve ser diária ou toda minha aflição retornará. Para onde mais eu irei? O que mais eu serei? Para quem mais terei de mentir, enganar, subornar?
Esconder-me. Refazer-me. Eu não tinha mais forças para isso. E Emily, com quem tive uma amizade tão verdadeira? E Ster, meu Deus? Eu ainda tinha um apreço por ele; algo me dizia que aquele cara, meu chefe, guardava algo para mim. Entretanto, não era como Joe. Eu sabia disso. E se ele viesse a confundir as coisas, eu iria repeli-lo. Por mais que aquilo viesse a machucar meus sentimentos e, principalmente, machucar o apelo que meu corpo sentia diante ao dele. Eu me privaria. E isso doeria. Acho que já estou suficientemente acostumada com a dor...
Desejando que meus pensamentos catastróficos cessassem, adormeci; e a última coisa que senti foi o braço de Joe me trazendo para mais perto de si, acolhendo-me, forçando-me a inspirar o perfume másculo que seu peito exalava, inebriando...

A Narradora informa: Apresento-lhes, caros leitores e leitoras, o ponto de vista de alguém que vocês já devem conhecer. Dona de cabelos louros e olhos escuros, de uma mente limpa de preconceito, de uma facilidade em transpor, em palavras, os sentimentos alheios; trago-lhes Emily Summers. Ela vai ser nosso terceiro olho na estória de Boss. Talvez, seja de conhecimento de vocês, leitores, que esta fic não é apenas pornografia. Emily vai mostrar a vocês o sentimento de cada personagem dessa história, de cada traço e desenlaço de suas vidas; com esse cruzamento de desejos, sentimentos, amizades e paixão. Dêem as boas-vindas à Summers.

Emily’s POV on

- Mas por quê? Por que você está fazendo isso? Eu ainda não entendo! Se me disseste que a ama, que gosta dela, por que fez tão mal a ela?
- Eu nem sei direito, Mily. – disse Ster desapontado. – Mas você viu o que ela fez? Ela não se importou! Isso é o que mais me deixa chateado. E agora ela está com Joe e, pior, parece tão feliz. Eles têm aquela cumplicidade... Porra, Emily.
Estávamos sentados nos bancos esverdeados da Starbucks. Ster à minha frente, os cabelos sendo periodicamente bagunçados pelas mãos nervosas; sua expressão tão extremamente em agonia, transmitindo à mim, sua melhor amiga; e eu era capaz de sentir um aperto no peito.
- Calma, Ster. 
- E como? Como eles puderam fazer aquela relação em tão pouco tempo? Dois dias? DOIS dias?
- É incrível, eu sei. Mas devo lhe confidenciar de que diversas vezes eu ouvi o nome de Demi pronunciado por Joe. E vice-versa. – antes que Ster pudesse abrir a boca para revidar, eu já havia começado a falar – Eu sei que antes era de raiva, de repulsão. Mas você já devia saber que, no fundo, aquilo era uma forma de aproximação. Quantas vezes essa história já apareceu em filmes de romance?
Ster olhou para cima, pensando, e enfim encostou a cabeça para trás. Aproveitei a deixa para tomar um gole do frapuccino, molhando os lábios com calma, suspirando. Eu era aquela pessoa intermediária. Era amiga de Ster, de Joe e de Demi. E eles eram tudo que eu tinha. Eu não tinha namorado, não havia me apaixonado como nenhum deles; não havia sofrido como Demi; não havia sido cafajeste como Joe; e muito menos tive uma vida regrada como a de Ster. Eu apenas tinha um segredo e, juntamente a esse segredo, eu mixei um dever: Iria ajudá-los no que fosse. Meus três amigos.
- Ster? – ele voltou a encarar-me com seus olhos opacos e sem esperança – E Tiff? Você ainda a tem.
- Eu pedi um tempo à ela desde a primeira vez que vi Joe e Demi juntos. Eu gosto muito dela para vê-la sofrer. Eu só preciso de um tempo pra pensar.
- Então... vá a algum lugar. Algum lugar que lhe faça pensar, e clarear suas idéias...
- Mily... Posso te levar a um lugar? – perguntou-me Ster, os olhos extremamente pedintes.
- Mas... Amanhã...
- Nós voltamos ainda hoje, my friend. Confie em mim. Eu preciso te mostrar uma coisa.
Seguimos ao carro de Ster, um daqueles carros de gente rica que eu não sei dizer de onde veio, como veio, qual a marca ou qualquer outra coisa. Só sei que era grande e azul-marinho. Ele ligou a ignição e começou:
- Lembra da brincadeira que fazíamos quando éramos pequenos? Quando eu e Joe descobrimos o seu segredo, naquela casinha de praia?
- É claro que lembro – eu disse sorrindo – Eu e Joe mudamos um pouco aquele lugar, depois de demolirem; mas ainda se parece muito com o que tínhamos na infância, apenas reformamos. Usamos como refúgio. – deu partida ao carro e começou a costurar entre os poucos carros naquele dia de domingo. – Nem sei por que nunca te levamos lá...
- Talvez seja porque, desde que eu me lembre, aquela casa tem dois quartos. – Eu ri. – E eu já decretei que nunca dormirei ao lado de nenhum de vocês, ninfomaníacos.Ster deu uma gargalhada.
- Uma pena, uma loira gostosa como você na minha cama não me faria mal. – Ster brincou e eu bati em seu braço, enquanto ria.
- Cala a boca, Sterling. – disse revirando os olhos.

Hot Boss Joe’s POV on

Eram exatas 2 horas da tarde quando consegui convencê-la a entrar no carro novamente. Demi resmungava insistentemente de que não queria viajar, que adorou aquela casa e que pertencia ao seu 18º sono, naquela cama. Eu simplesmente achei hilário, arrastando-a pelo braço. Fiz com que ela vestisse alguma coisa por baixo, já que ela havia se apoderado das minhas roupas, e ela acabou vestindo um jeans e um casaco (meu) por cima, roupas que não combinavam. Digo isso porque em todas as vezes que a vi em minha vida, suas roupas combinavam com tudo; fosse com seu corpo, com o momento (pode levar para o lado da malícia), com sua personalidade. Ela estava com uma blusa em que eu estranhei muito ela tê-la escolhido; era amarela e tinha um trecho de uma música velhíssima, eu duvidava que ela conhecesse. Não que ela fosse tão mais nova que eu, mas mesmo quando eu ouvi essa música, era pré-adolescente, provavelmente Demi era apenas uma criança. Demi resolveu se jogar no banco de trás, dizendo estar morrendo de sono; ali se encolheu e fechou os olhos.
- Acorde-me quando chegar... – disse com uma voz manhosa.
- Espera, Demi, antes que você desabe de novo...
- Hum?
- Por que essa camisa? – perguntei, logo ouvindo sua risada ecoar pelo carro. Enxergando-a pelo retrovisor, vi seus olhos abrirem e pousarem nos meus.
-
 You are not engaged in a kiss. The sweat of your body covers me. Can you, my darling, can you picture this? – cantou com uma voz que eu duvidei ter saído de sua garganta. Era afinada, feminina e... serena. Como ela jamais demonstrou ser, serena. Deu mais uma risada alta. – Pensa que eu não conheço Prince, velhinho? Eu ri, ligando o som, ciente do CD que ali tocava.
Purple Rain, purple Rain!
Demi gargalhou e virou de lado, voltando ao seu sono profundo, ao som do velho Prince que clamava pela chuva roxa. Suspirei fundo e acelerei para chegarmos logo ao nosso destino.

- Dream If you can courtyard, an ocean of violets in bloom… - sussurrei em seu ouvido, vendo-a despertar.
- Já chegamos? – ela perguntou, o cenho franzido.
- Sim. – disse, abrindo mais a porta de trás para que ela saísse. Desacostumada com o sol, tardou a abrir os olhos devidamente e se espreguiçou diversas vezes. - Não dormiu à noite?
- Tentei, velhinho. Mas você consegue me deixar acordada até quando está dormindo. – Ela disse sorrindo, enfim levantando e parando ao meu lado. Olhou para baixo e analisou as próprias roupas.
- Aqui aparece muita gente?
- Não, quase ninguém. – respondi, vendo-a dar de ombros e sorrir.
- E o que viemos fazer aqui? Aliás... Que lugar é esse? Sequer parece... real. – Sorri com o canto de boca. Aquele era o meu lugar preferido em todo o mundo. Lembrava-me, principalmente, de meus pais. Nunca havia levado quaisquer de minhas mulheres para cá, só mesmo Emily. Apesar de que Emily não é minha mulher, necessariamente. Ela é a melhor amiga; todo mundo merece uma Emily em suas vidas. Foi bom ter visto que Demi e Mily se deram bem de primeira. Eu estava meio apreensivo com isso tudo. Emily conhecia todos os meus segredos, sabia minha vida de cor e salteado e, naquela época, eu ainda tinha Demi como inimiga. Claro, ela era boa demais. O primeiro sentimento que você tem de alguém que é bom demais é de concorrência, mas era impossível concorrer com ela, impossível. Não porque ela era perfeita, mas, porque, há dois dias descobri, ela é meu encaixe. Ela é o que falta em mim. 
Olhei para o lado vendo-a encarar deslumbrada a paisagem. Estávamos em uma montanha, bem acima do mar. O vento, mesmo frio, era banhado por um sol forte. As nuvens não eram capazes de nos alcançar, estávamos pouco acima delas. Pela primeira vez, senti a mão dela envolver a minha – e não o contrário – e o seu sorriso sincero desiludir minha masculinidade.
- Você me surpreende mais a cada dia. – ela disse, seus olhos fixos nos meus.
- Isso é bom. – falei, desvencilhando-me da sua mão e colocando meu braço ao redor de sua cintura. A cabeça dela caiu em meu ombro e ali descansou por alguns segundos, os quais eu viajei até o mais longe planeta procurando palavras que pudessem suportar significados para aquele momento.
Após aquele breve e maravilhoso momento em que estávamos em pé, sentamos em uma daquelas pedras e eu me lembrei de ter trazido material para aquele momento. Pedi-lhe um minuto e saí correndo para pegar as coisas no fundo do carro. Havia vinho de excelente qualidade que eu havia comprado no exterior e ainda uma tábua de queijos diversos, dos mais exóticos aos mais tradicionais. Meu pai costumava dizer que Vinho e Queijo conquistava as mulheres, menos a minha mãe, que era alérgica a laticínios. Ri com o pensamento, lembrando dos meus velhos. Peguei ainda uma mochila, na qual havia guardado algumas coisas para Demi, coisas em que eu precisava que ela aceitasse usar.
Os olhos dela brilharam ao verem comida e bebida de tamanha qualidade sendo trazidas. Preparamos nosso lanche em cima da pedra e os silêncios que teimavam em nos separar eram preenchidos com suas risadas.
- De novo! – disse rindo.
- Vamos logo, puxe assunto, hiena. Eu não consigo mais rir, minha barriga dói! – eu tentava falar.
- Ok... Vamos falar de você, Joe Jonas. – disse tentando ser séria. Demorei para voltar à minha expressão normal. Tomei um gole de vinho e pus alguns queijos na boca.
- O que é que cê qé xabê? – perguntei com a boca cheia e ela se segurou para não rir.
- Hum... Sua família, sua vida... Seus amigos. – disse pausadamente, enquanto brincava com a taça.
Engoli o queijo mal mastigado e enchi o copo de vinho, tomando-o quase todo de vez.
- Minha família: Meus pais morreram quando eu ainda era adolescente. Deixaram uma herança e o sonho da London Music. Então, eu fui para a casa de Emily, minha prima de sei lá quantos graus. A mãe dela me acolheu na época. Nesse mesmo tempo eu conheci o chato do Ster. – sorri – Meus amigos: Ster e Emily. Sempre. E minha vida, não é nada mais do que o que você já viu. É a revista, meus amigos...
- As vagabundas, as secretárias da revista, as mulheres que...
- Não precisa continuar, dona. – eu ri – Admito já ter sido um cafajeste.
- E não é mais?
Sequer me dei ao trabalho de responder. Olhei para ela daquele jeito que olharia para o maior presente da minha vida e sorri largo, balançando a cabeça negativamente.
- Isso é bom. – Ela riu. – Eu não sabia que você, Ster e Emily são amigos há tanto tempo. 
- Somos sim, amizade de ferro. Sabemos tudo um sobre o outro. Quando eu estava tentando montar a London Music, percebi que não sabia nada de administração ou sequer como começar. Foi aí que eu e Joe nos tornamos sócios. Nós éramos unha e carne muito antes de qualquer acordo financeiro.
- Já imaginava – ela falou baixo, olhando para o horizonte enquanto bebericava seu vinho – Eu gosto de vocês três. São realmente pessoas boas. Digo, não mais um cafajeste, um senhor-certinho e uma super-girl. Vocês têm algo a mais. – ela sorriu – Eu sei que têm.
- Claro, não sou mais um cafajeste, sou seu namorado. – disse convencido, sem nem me importar com as conseqüências daquelas palavras.
Demi faltou engasgar. Olhou para mim aturdida, procurando por respostas.
- Repete.
- Eu sou seu namorado. – repeti na cara-dura.
- Você, por acaso, pediu minha permissão?
- Não, eu só preciso pedir aos seus pais. Falando nisso, e a sua família? – pude jurar que depois dessa pergunta, o sol pareceu ter sumido das nossas cabeças. Tudo escureceu. Mas a verdade é que eu estava apenas perdido demais nos olhos de Demi e seus olhos não me passaram muito mais do que trevas.
- Sou órfã.
- Ah... Desculpe-me. Meus pêsames.
- Faz muito tempo. Não sei se consigo sentir falta do que nunca tive. – ela sorriu sem graça – Mas, acho que não devemos falar disso. Você pode fazer a proposta à mim e eu me dou por satisfeita.Eu sorri. Peguei a mochila e dei-lhe. 
- Vá ali, naquela pequena barraca. Está abandonada há anos, mas eu cuido dela, ou seja, está limpa. Vista-se com o que está aqui dentro, por favor.
- Joe, que invenção... – revirou os olhos.
- 
Por favor – pedi sério.
Ela assentiu. Beijou meus lábios rapidamente e, em silêncio, saiu. E, em silêncio, voltou. Silêncio suficiente para que eu não notasse que ela estava em minha frente, em cima da pedra mais alta. Quando olhei para ela, minha respiração foi fortemente afetada. O vestido de gala, aquele que havíamos comprado na pequena loja, caíra perfeitamente em seu corpo, moldando cada uma de suas curvas. Era vermelho, vermelho como o sangue; e o decote delineava seus seios, fazendo-os parecer mais fartos, atraentes e chamativos. Seu rosto não tinha sinal de qualquer maquilagem, mas não aparentava imperfeições. Os lábios estavam levemente abertos, levemente brincalhões. O cabelo era levado pelo vento, ricochetando seus ombros e costas. Demi colocou uma das insistentes mechas atrás da orelha e sorriu para mim. Levantei-me enfeitiçado e fui em sua direção.
- Satisfeito, chefe? – Ela perguntou. Calei seus lábios com o beijo mais apaixonado que pude lhe proporcionar. Aquele vento muito forte me dava uma sensação de que estava voando, não já bastasse os lábios desejosos e a língua esperta na qual me deleitava e confundia os sentidos.Afastei apenas os nossos lábios, ainda deixando nossos narizes em contato.
- Senhorita
 Demetria Lovato. Teimosa, risonha, inteligente, orgulhosa. Mulher mais linda que já conheci. Mulher mais petulante com quem já lidei. – sorrimos – Aceita namorar comigo?
- De acordo com as circunstâncias, senhor Joseph Jonas; Impaciente, esperto, sem-vergonha e... – ela passou um tempo pensando, seu sorriso abrindo malicioso em câmera lenta. Desencostou nossos narizes e voltou com sua resposta em meu ouvido – e bom de cama. Homem mais lindo que já conheci. Homem mais irritante com quem já lidei; Sim, eu aceito namorar com você.
...


Passamos um tempo absorvendo nosso namoro, conhecendo um ao outro com jogo de perguntas e respostas, brincadeiras bestas ou simplesmente conversando. Estava escurecendo quando a vi bocejar e dizer:
- Chefe...
- Sim? – Estávamos deitados sob as pedras. O vinho acabou. O queijo também. Tínhamos apenas um ao outro.
- Você acredita em amor à primeira vista? – perguntou, virando-se para mim. Estranhei a pergunta e franzi o cenho. – Assim, duas pessoas se virem e, de repente, amor?
- Não sei... O que você pensa sobre isso?
- Eu acho que é impossível amor à primeira vista. – ela disse, fazendo com que eu me assustasse e virasse para ela, extremamente confuso.
- Impossível? – perguntei.
- É. – respondeu convicta.
- Mas... Por quê?
- Claro que isso é apenas minha opinião, mas faz sentido. É que eu acho que as pessoas não têm noção da intensidade dessa palavra, amor. Todo mundo diz ‘Eu te amo’, como se fosse normal, simples. Eu vejo pessoas esperando anos por essas três palavras e são tão facilmente enganadas por outras que não dão a mínima. É fácil falar que ama. Eu acho que as únicas pessoas que podem dizer o que é o amor, são aquelas que convivem à longo prazo.
- Faz sentido. – pensei alto – Mas e o amor materno? Mães não amam seus filhos incondicionalmente? - Eu pensava bastante nisso. Agora vejo noticiários, informando que mães abandonam seus filhos. Não têm amor certo, assim. E também não é certo comparar o amor maternal com o fraternal, paternal, conjugal.
- Você me parece ter pensado bastante no assunto. – Ela sorriu envergonhada e voltou a olhar para o céu. Fiz o mesmo. – Eu nunca pensei que pudesse me apaixonar assim. Eu já tive todos os tipos de mulheres que me foi possível, mas nunca me senti satisfeito o suficiente. Dói dizer que nunca amei.
- Eu já.
- Sério? – perguntei, já sentindo o ciúmes voltar a corroer meu coraçãozinho e ferir meu orgulho.
- Há tempos. Mas não era correspondida. Além do mais... – virou-se para mim – eu também nunca namorei. 
- Que revelação! – disse assustado – Mas como diabos uma mulher linda como você jamais pôde namorar?
- Talvez linda demais para ser namorada. Ou petulante demais... – ela riu e se encostou no meu peito. Sorri com ela. – Eu acho que primeiramente você sente desejo, atração. Depois vem aquele sentimento de paixão, algo além de querer sentir a pessoa. Depois vem a cumplicidade e, se houver coragem, compromisso. Daí em diante, não sei mais narrar a história. Mas é por aí que a gente ama, não é?
- É, Demi... Deve ser por aí. – respondi beijando o topo da sua cabeça.

Emily’s POV on

- Ficou realmente linda. – repeti pela trigésima sétima vez naquele momento, enquanto olhava a pequena casa de madeira. O som do mar era o mesmo, o cheiro ainda era de inebriar e, com Ster ao meu lado, o momento não poderia vir a ser mais nostálgico. Visto que eu era mais baixinha, meu amigo pôs o braço ao redor do meu pescoço e me levou em direção à casa. Olhei para o lado e acabei por reconhecer o carro de Joe ali estacionado. Apontei e chamei Ster.
- Ora, mas Joe está aqui? Ele sequer me avisou! – disse Ster indignado. Dei de ombros e voltei a nos guiar para a porta. Estava destrancada. Ster abriu. As luzes tiveram de ser ligadas, a sala estava um pouco bagunçada, mas não pude disfarçar o deslumbre pela decoração.
- Furacão Joe passou por aqui. – Eu disse rindo – Mas está realmente tudo lindo. Eu também quero passe livre para vir aqui. 
- Tudo bem, dona Emily, você o terá. – Ster disse – Dê uma volta, é capaz de você encontrar coisas suas por aí. Eu vou ver se o Joe está no quarto.
Concordei e passei a fazer um tour solitário pela casa. Encontrei alguns objetos que costumavam me pertencer e sorri ao encontrá-los, cheirando-os, lembrando dos bons tempos, na época em que o tempo ainda era ao meu favor. Suspirei. Ouvi o som de chuveiro ligado e estranhei que Ster não tivesse voltado mesmo depois de quase dez minutos passados. Fui ao mesmo quarto em que ele se dirigiu e cheguei a me deprimir com a cena na qual o encontrei.

4 comentários:

  1. adorei o cap. e eles tão namorando q fofo... tipo oq será q a emily viu em? flor posta logo to ansiosa beijos :)

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  2. OMG ta muito perfeeeeeeeeeito! *-----------------------*
    Posta logooo amoreee!

    Beijoos!

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