segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

BigFanfic.Capítulo 8 - Boss


As palavras que eram proferidas pelos lábios finos de Ster deixavam-me a cada segundo mais atordoada. Chegava a ser ridículo o que me propunha, e me impressionava saber que Joe não mexia um músculo em contestação. Minha paciência aos poucos se esvaia, assim como a calma dos meus neurônios, aqueles responsáveis pelo tom de voz, principalmente.
- Não concordo. – disse rabugenta, ao cruzar os braços – Não sou social, não tenho o dom da palavra e nem sou Barbie para ficar sorrindo o tempo todo. Eu sou a design da revista, não estou apta a uma conferência e muito menos se deve a mim a responsabilidade de salvar a empresa. Por que você não acha outra pessoa para ir?
Joe sorriu discretamente. Encarei suas íris brilhantes e não precisei me concentrar muito para perceber que ele tinha a resposta na ponta da língua. Logo, o olhar do arquiinimigo virou-se para Ster (lê-se deus grego), que suspirou fundo e pressionou os lábios um contra o outro, relaxando os ombros e virando-se para mim.
- Nós confiamos em você. – disse Ster, numa tentativa muito das espertas de me desarmar – Você é inteligente, atraente, e capaz de fazer várias coisas ao mesmo tempo. 
- Pode me chamar de multifuncional também. Máquina multifuncional. Eu ganho a mais por isso, por acaso? – resmunguei irritada. 
Ster riu baixinho balançando a cabeça, e a bola de ‘Vamos convencer a Demi’ passou para Joe.
- Quando você fala de arte e música, Demi, seus olhos brilham. Você se torna social, ganha o dom da palavra e fica muito pior do que a Barbie, sorrindo sem parar. – disse Joe. 
- E é exatamente isso que nós precisamos nessa conferência em Nova York, Demi. Precisamos de alguém que impressione, que faça com que os acionistas e investidores voltem a pensar na London Music como A revista, exatamente como antes. – acrescentou Ster.
Eles queriam realmente me convencer a viajar para Nova York que, para mim, era uma cidade de fantasmas do passado, fantasmas que ainda me atormentavam; queriam que eu fosse lá, para uma tal conferência a qual faria a London Music voltar a ser a mesma, voltar com todo seu prestígio. Como faria isso? O que diria aos acionistas? O que poderia fazê-los vir? Só se eu fosse uma prostituta de luxo ou algo do tipo. Nesses momentos eu desejava ser poderosa como a Audrey Hepburn, ou como qualquer uma daquelas divas de cinema. Eu queria poder fazer aquilo tudo por eles, mas não sabia como. Antes fosse algo que eu soubesse fazer naturalmente, como desenhar, que por acaso era o meu ofício.
Definitivamente eu não era a pessoa que eles procuravam. Eu era aquela que eles desejavam, e não era para impressionar acionistas.
- Demi, 
nós precisamos de você – disse Joe, olhando-me nos olhos daquele jeito completamente encantador e sexy, que apenas ele era capaz de fazer. Não se voluntária ou involuntariamente, mas levei aquela frase a dois sentidos completamente distintos. – E acrescentando, eu não a considero apenas uma design.
Devido à ansiedade e ao turbilhão de pensamentos que faziam prós e contras na minha mente, passei a arranhar levemente meus joelhos descobertos, fazendo caminhos tortos, dispersa. Isso atraiu os olhos de Joe que, ao meu lado, desceu seu olhar maliciosamente para a tensão das minhas pernas, inspirando o ar profundamente. Eu senti certo conforto com aquilo, era bom ser desejada, bom demais. Desejada e respeitada... Digo, esquecendo a parte do respeitada; suspirei fundo ao notar que finalmente havia chegado à minha conclusão.
- Só pode ser um complô. – falei finalmente, a testa franzida em desconforto. – Eu quero um extra por isso.
- Isso é um sim? – perguntou Ster, e eu assenti, balançando a cabeça positivamente e rolando os olhos.
- Birrenta – disse Joe, e eu notei sua voz muito próxima, sua respiração tocando no meu pescoço. Logo, senti seus lábios depositando um demorado beijo em meu pescoço e não demorou para que uma de suas mãos segurassem meu queixo e virassem para o rosto dele. Numa bipolaridade incrível, eu via o rosto dele com uma calma impassível. Decorava cada traço, cada curva, cada toque de perfeição; lia os poros da sua pele, os pontos de barba, as sobrancelhas desajeitadas. Os olhos e boca eram minhas perdições mais impuras, mais viciantes; eu podia passar horas apenas observando-o, e mais horas ainda beijando-o; talvez anos delirando nos braços dele. Acordando-me de meu súbito derretimento, Ster pigarreou, mas não por isso eu ou Joe paramos no que estávamos prestes a fazer.
Eu podia sentir meu ego gozar, o poderio vingativo havia o alimentado naquele momento. Ster ia sentir a dor que senti quando o vi com Tiff, diversas vezes, até mesmo naquela festa. Ele ia ver que havia perdido para o Coringa: Era uma vez Gotham City, eu estava dominada.
Beijei suavemente os lábios de Joe num selinho demorado, apaixonado, puxando o ar com mais força pelas minhas narinas. Mesmo com o aroma avassalador do perfume de Joe, eu ainda sentia, longinquamente, um outro perfume, do outro chefe. Mais presente ainda, era cheirinho de vingança, tão deliciosa vingança. Segurei o rosto de Joe para separar-nos antes que ele resolvesse fazer mais alguma coisa indecente na frente de Ster, como um beijo de verdade. Eu ansiava por sua língua quente, mas não tardei a me afastar – com um breve sorriso – e voltar à posição normal.
- Pornografia – bufou e reclamou Ster, abrindo uma gaveta em sua escrivaninha e pegando alguns papéis.
Por mais que tivesse saciada com uma vingança boba, no fundo do meu coração de neve e gelo, sentia certa clemência por Joe. Mas ele merecia aquilo. Quem havia me tratado com tamanha arrogância e prepotência fora ele. Quem havia me feito de gato e sapato fora ele; quem havia judiado da minha paciência e do meu trabalho fora ele. Quem havia negligenciado os meus sentimentos e necessidades humanas, mais uma vez, fora ele. Era um merecedor de cada estocada de ciúme que poderia corroer suas células.
Olhei para Joe e avistei-o sorrir bobo. Era engraçada sua expressão; principalmente para mim, que mal me acostumava com um Joe divertido. Ele ainda me parecia como um muro, um grande muro; eu não sabia quem era ele, ou melhor, qual dos dois Joe que conheci era realmente ele. Tanto tempo com um chefe insuportável e algumas horas com um cara apaixonante, muito mais do que aparência e charme.
- Então, Srta. Lovato... Já enviei à sua secretária as passagens de ida e volta. Serão três dias lá e, como agradecimento de nossa parte, digo, da parte da Music London, estamos oferecendo-a um dia de folga, onde poderá andar pela Big Apple sem compromissos.
- Obrigada por isso.
- É apenas política de empresa. – Ster respondeu friamente.
- Obrigada, política de empresa. – agradeci brincalhona e vi Ster esforçar-se para manter a pose. Diga-se de passagem, eu achava aquela pose dele bem insuportável.
- Você parte daqui a onze dias, ou seja, na quarta-feira da semana que vem. O resto das informações eu já passei para Jen e ela lhe passará mais detalhadamente.
- Tudo bem.
Alguns constrangedores segundos de silêncio permaneceram na climatizada sala, e eu encarava minhas mãos, só para não ter que subir o olhar para qualquer um deles. Assustava-me.
- E... Joe não sabia dessa história não? – perguntei, lutando contra o ar sombrio e pesado que se instalava quando nós três estávamos juntos.
- Não, por isso que ele está aqui. – disse Ster ríspido.
- Hum...Entendo. – falei baixinho. Juntando as informações acabei por notar que aqueles elogios feitos a pouco haviam sido completamente espontâneos da parte do meu chefe. Que... Meigo? 
Faltei engasgar com o adjetivo utilizado. Não suportava relações melosas demais, palavras melosas demais. Grude. Eca.
Relaxei os ombros e então me coloquei melhor na cadeira, ajeitando a saia improvisada para baixo.
- Então é isso. Conferência, viagem na quarta-feira, informações com Jen. – falei pausadamente – Espera, eu vou sozinha?!
- Bem, nós ainda vamos decidir isso. Estou pensando em deixar Emily ir com você, mas não sei ainda, as despesas...
- Eu não quero ir sozinha. Eu não vou sozinha. Arranje-me companhia.
- Você não deu essa condição antes, agora já aceitou ir! – resmungou Ster, sério.
- Aceitei ir, mas posso voltar atrás e recusar. A condição é essa e se você não quiser, problema é todo e completamente seu. – ralhei.
- Meu e do seu outro chefe. – ele falou com uma cara de superior.
- Seu e do meu outro chefe, exatamente. Trabalho é trabalho, não vamos confundir as coisas, não é, Ster? Afinal, você é que é o especialista nisso.
- O que você quer dizer com isso, Demi? – perguntou, a fúria transparecendo em suas feições.
Joe assistia aquilo com certa dose de divertimento em sua expressão.
- Ora ora, mais dissimulação? Como então Tiff anda sendo promovida? Tenho certeza que não é pela excepcionalidade de seus textos. – disse, ainda querendo jogar na cara dele a semana passada, mas orgulhosa demais para tanto.
- Você está sugerindo que...
- Não estou sugerindo, Ster, meu velho amigo. – interrompi-o – Estou afirmando, jogando na sua cara a mais pura verdade. Verdade não é uma coisa em que você esteja muito acostumado, não é?
- Joe, controle sua mulher. – murmurou Ster para Joe, que apenas sorria.
- Ela não pertence a mim... ainda. Para quê controlar essa fera? Ela está me seduzindo desse jeito, não é Demi? – sorriu largamente – irritada e birrenta. Um amor de mulher.
“É que você irritada fica uma gracinha!” Recordei-me da sua frase hilária. 
- Deixe Joe fora disso. Você pode ser meu chefe e eu sua subordinada, mas eu não sou escrava e muito menos sou otária para não notar seu joguinho. E meu instinto capitalista me informa que você devia aceitar minhas condições se ainda quer ganhar alguma coisa com essa revista.
Ster bufou fortemente, bagunçando os cabelos com uma das mãos numa atitude de desespero.
- Ok, Demi, que seja. Sorri vitoriosa.
- Mais alguma coisa, Ster ? 
- Senhor Knight...
- Ster. – repeti, fazendo-o rolar os olhos em desaprovação.
- Não
, minha cara Demi, pode ir. – disse ele, frisando bem o meu apelido. Por mais que havia sido posto com certa ironia, eu ainda podia ouvir sua voz pronunciando meu apelido daquele modo carinhoso, cauteloso. Antes disso tudo. Também sentia-me estranha por estar invertendo os papéis, ora tratando Joe bem e Ster mal, ora tratando Joe mal e Ster bem. Apenas confundia-me cada vez mais. Inspirei todo ar possível e soltei-o devagar, levantando-me da cadeira.
- E esses papéis, Ster? – Joe perguntou, enquanto ainda levantava-se.
Ster olhou para os papéis em sua mão e fez uma expressão de surpresa.
- Ah, sim, é claro. – disse – Estes são para você. – entregou-me uma leva – e estes para você, sócio. Examinei os papéis que havia recebido e percebia que eram os folhetos da conferência, fotos e críticas sobre as passadas, além de orientações.
- Obrigada. – disse sincera com um breve sorriso nos lábios.
- De nada, Demi. – Ster respondeu baixinho.
Os próximos minutos que se sucederam houve uma das despedidas mais tensas que já participei e, salva pelo gongo (lê-se Emily), consegui sair de lá viva e inteira. Eu e Joe descemos juntos o elevador até a garagem, e então eu notei que estávamos, digamos, seguindo os mesmos passos. Não tinha noção de quais seriam as próximas ações, principalmente quando estas se referiam a mim. Derrotando meu orgulho idiota e deixando de lá minha fome pelo controle da situação, perguntei:
- Chefe, posso saber onde estamos indo? – perguntei parando de andar. Joe virou o rosto para mim, meio que me medindo; eu estranhei.
- Aqui em cima, Joe. – disse rindo e acenando. Ele finalmente tirou os olhos do meu corpo para sorrir e olhar nos meus olhos. Perdi-me naqueles globos devastadoramente apaixonantes e sorri sem graça, retribuindo.
Ele veio para perto de mim, maroto, e segurou minha cintura com as duas mãos, puxando o meu corpo para o seu, forçando um choque mecânico que fez todas as minhas células tremerem; satisfeitas. Num processo antagônico se comparado ao outro chefe, este era capaz de fazer com que o ar dançasse feliz nos meus pulmões, e eu sentia meu sangue mais puro, mais limpo; sentia meu coração borbulhar. O outro era exata e coincidentemente o contrário: o ar não entrava, o sangue não pulsava e meu coração não dava qualquer sinal de vida; era como um choque epiléptico, estático, imóvel, inconsciente.
- Nós vamos para onde você quiser. – sussurrou em meu ouvido. Tirou os cabelos do pescoço, explicitando a pele lisa e vulnerável, deslizando seus lábios quentes e sua respiração descompassada por toda aquela extensão. Comprimi um gemido, apenas sendo capaz de suspirar pesadoramente, a boca semi-aberta. 
- Hum... Eu estou com fome. – disse, tomando ar e me separando.
- Ah, claro... – ele disse, um pouco desapontado. Sorri levemente enlaçando meus braços em seu pescoço.
- Eu preciso de energia, meu caro chefe. Sem energia não há trabalho, certo? 
Joe sorriu malicioso e beijou-me com fúria, apertando meu corpo contra o seu com cada vez mais força. Coloquei uma das mãos sobre seus cabelos, puxando-os, guiando-o naquele beijo de tirar o fôlego. A língua dele invadia cada canto livre da minha boca; sua saliva me drogava, era calorosamente viciante.
Separamo-nos com certa resistência, ainda deixando nossos narizes tocarem-se e nossas respirações ofegantes fundirem-se. Joe sugou demoradamente meu lábio inferior, finalizando com uma mordida leve, sorrindo daquele jeito galanteador.
- Eu acho que tenho um lugar para te levar. – disse, desvencilhando-se de minha boca e me abraçando de lado pela cintura.
- Que lugar? – perguntei, começando a andar em direção à sua divina Land Rover, meu braço rodeando sua cintura.
- Segredo. – disse Joe colocando o dedo indicador sobre os lábios. O eco do meu salto batendo contra o concreto era o único som ouvido naquela garagem estranhamente silenciosa. Havia muito poucos carros estacionados, o que era plausível num dia de fim de semana ao meio-dia, visto que estávamos em um prédio comercial. Suspirei fundo, soltando o ar com força, relaxando meus músculos tensos.
- O que foi? – perguntou.
- Nada.
- Vamos fazer assim, eu vou te perguntar de novo e você me responde a verdade. – ele disse sério – O que foi?
- Nada que...
- Demi, confia em mim. Eu não sou mais um monstro. – falou com as sobrancelhas clementes. Deixei meu olhar descansar no seu, procurando conforto.
- Eu só estava percebendo que hoje é fim de semana, há poucos carros na garagem e...
- É a conferência, não é? – perguntou-me, parando de andar. Seu carro já estava na nossa frente. Encostei-me no capô, baixando a cabeça. Será que pelo fato de eu ter mergulhado em seus olhos ele acabou por ler a minha mente?
- É meio problemática essa história, mas eu não queria conversar sobre isso. – sorri fraco – Diga-me, quais são seus planos? 
*


As nuvens pairavam no céu, esse pincelado com seu cinza triste. O cheiro do mar – e dos sais ali dissolvidos - era extasiante, principalmente por se fundir com o perfume de Joe, que estava ao meu lado. Estávamos em uma praia praticamente deserta; Joe havia dirigido algumas horas para que chegássemos àquele lugar divino, e tenha certeza de que ele teve alguns vários problemas para me convencer a fazer isso, a vir aqui. Meu argumento ‘Eu tenho que trabalhar na segunda’ foi simplesmente vencido por ‘Eu sou seu chefe, quem manda sou eu.’ – e nada de pensar que para mim aquilo não fora bom. Um fim de semana numa praia com Joe, my boss. Eu não me importava que ele tivesse sendo mandão e blá blá blá, para mim tudo estava ótimo; incrivelmente ótimo. O horário, bem, eu arriscaria umas cinco horas da tarde. O sol já não sobressaia às nuvens e logo ele não estaria mais lá, o dia escurecia; os postes da periferia já estavam ligados, iluminando as vielas que se faziam por entre o chão de pedras.
A água do mar era escura, esverdeada e mastigava dolorosamente as pedras, debatendo-se contra elas. Nessas pedras ante o mar raivoso estávamos sentados eu e ele; na mesma posição, pernas esticadas, braços suportando os pesos para que não caíssemos para trás. Meus saltos urbanos e os sapatos sociais do meu chefe estavam descansados sobre um pequeno banco de areia branca ali perto. Meus cabelos dançavam esvoaçantes, caindo em meu rosto; Joe tirou os fios que ricocheteavam minha pele facial, forçando os dedos ásperos suavemente sobre minhas bochechas:
- Gostou daqui? – perguntou.
- É lindo – respondi, deixando um sorriso invadir meus lábios secos - Obrigada por me mostrar isso aqui. – acrescentei.
Enxergando-o com minha visão periférica, senti seu rosto virar para o meu. 
- De nada – disse ele dando de ombros e voltando a encarar a paisagem. Suspirei fundo, deixando o ar limpo do vento frio e forte – que se debatia contra meu corpo – entrar em meus pulmões.
- Eu gosto desse cheiro. – comentei – de mar, de sal, de água, de palmeira... e de pedra úmida.
- Também gosto. – disse sorrindo, provavelmente surpreso com minha capacidade de distinguir tais perfumes – Costumo vir aqui aos fins de semana, sabe... Para espairecer. 
Lembrei-me de que Joe quase nunca comparecia à impressão da revista, então era aqui que ele vinha. Interessante.
- O único lugar o qual costumo sair para espairecer começa com P e termina com B, tem três letras.
- Pub? 
- Garotinho esperto, você. – ri – Isso mesmo.
- Nem sabia que você costumava beber, é sempre tão politicamente correta. – disse Joe, arqueando perfeitamente uma das sobrancelhas. Virei meu rosto para ele e passamos a nos encarar.
- A bebida me dá a felicidade instantânea e amigos, esses que nunca tive. – disse simplesmente, lutando contra a hipnose dos seus olhos – é só uma válvula de escape, mas não a uso muito frequentemente. 
- Logo você? Digo... Eu vejo o pessoal do trabalho sempre procurando ser seu amigo...
- Não costumo confiar em qualquer um. – interrompi-o.
- Talvez seja isso que te deixe assim, sozinha.
- Talvez seja isso que me torne seletiva. – retruquei dando uma piscadela e voltando a encarar o mar selvagem. Via as ondas debatendo-se cada vez com mais força nas pedras, mas mesmo diante de tal provocação ambiental, eu estava impassivelmente calma, relaxada. Isso era evidente nos meus músculos faciais, estranhamente descontraídos.
Joe riu alto e copiou o meu gesto, também voltando a encarar o mar verde e espumoso.
- Não entendi a risada. – retruquei.
- Você acabou de dizer que confia em mim e que eu não sou qualquer um. – disse em tom convencido. Sorri sem graça, sempre me esqueço de ler minhas próprias entrelinhas quando estou com ele. Muito problemático, eu sei. Baixei a cabeça e mordi meu lábio inferior.
- Eu gosto de você – admiti quase num sussurro. – só não sei se isso é bom ou ruim.
Sorrindo largamente, Joe virou meu rosto para si, segurando meu queixo com seus dedos gélidos. Logo sua respiração soltava um filete de ar quente perto da minha boca.
- Acho que agora você já pode dizer que a recíproca é verdadeira, ta no script. – sussurrei risonha, talvez um pouco nervosa também, mas não deixando transparecer.
- Intensamente v... – a fala de Joe fora interrompida por uma grossa gota d’água que caiu no exato espaço entre nossas bocas. Ambos olhamos para o céu, deparando-nos com uma chuva; uma chuva fraca e duradoura. A água fria reanimava espasmos corporais de ambas as partes e o vento havia se tornado um inimigo em nossas vidas. A camisa social de Joe encharcava aos poucos, grudando em seu tronco másculo; e o mesmo acontecia com a camisa quadriculada que eu vestia.
Momento pós-insight, sorri maliciosa e passei a desabotoar minha camisa, levantando-me, explicitando minha nudez e o sutiã branco, o mesmo do dia anterior.
- O que você está fazendo, mulher? – perguntou-me confuso.
Não respondi, apenas sorri mais largamente, provocante, e mordi levemente minha própria língua, de um jeito maroto, moleque. Deixei que a blusa escorregasse pelos meus ombros, caindo pela minha cintura e puxando-a para fora do corpo. Vi a boca dele se abrir levemente num "O" perfeito e seus olhos brilharem em luxúria e tesão; não podia ser diferente. Era eu, uma mulher com apenas um sutiã branco molhado sobre seios jovens, um corpo molhado pela mais gelada água doce e algo o qual eu chamei de saia, cobrindo apenas o que tinha que cobrir (entretanto eu tinha certeza de que Joe já imaginava que aquele pedaço de pano havia perdido sua utilidade).
Chamei-o com o dedo, fazendo-o levantar perigosamente perto do meu corpo – e vagarosamente.
- Sempre surpreendente – falou com sua voz sensualmente masculina. Que tipo de voz era aquela? Será que existia algo mais torturante que a completa hipnose de um Deus Grego? Um Deus louco por mim. Por mim, eu, Demi Lovato. A designer, a funcionária, a nada mais. Adorável.
Os lábios de Joe desenhavam os contornos da minha barriga e sua língua deslizava toda aquela temperatura impossivelmente gostosa por toda aquela extensão. Aos poucos se levantava, chegando ao meu colo e pescoço – depositando algumas mordidas aqui – enfim aos meus lábios, enfim em pé. Beijamo-nos com uma calma simples, as línguas se movimentavam em uma sincronia perfeita, como se ouvissem uma mesma melodia e dançassem conforme a música. Aos poucos fomos largando as respectivas bocas, o frio estava cada vez mais latente.
- Tire a blusa também. – disse sorrindo enquanto nossos lábios ainda se tocavam.
- Por quê? – perguntou desconfiado.
- O calor passa melhor de um corpo pro outro se você tirar essa blusa gelada.
- Ah... – riu – entendo.
Joe logo tirou aquela blusa (irritante) e chocou seu tronco nu com o meu, fazendo-me arrepiar e soltar um gemido abafado.
- Melhor. – disse em seu ouvido. Em questão de milésimos de segundos nossos lábios estavam colados de novo; minhas mãos passeavam pelas suas costas, vez ou outra descansando sobre a barra da sua calça; as dele estavam completamente indecisas, ele as deslizava facilmente por toda extensão possível do meu corpo. Sentia-o excitar cada vez mais, e o beijo não estava mais em uma melodia calma. Sugeria um rock como trilha sonora, ou uma daquelas músicas techno que estimulam pessoas drogadas a ficar mais doidas ainda.
- Acho que não ta funcionando muito. – interrompi o beijo, fazendo-o bufar.
- E você, por acaso, tem alguma sugestão?
- É claro, sou a melhor funcionária, certo? – sorri convencida – O plano B é usar atrito. Não sei se você me entende, mas atrito produz calor.
Joe tinha seus olhos fixos no meu e um sorriso bobo nos lábios. Eu podia ler toda a sua mente, ele não precisou dizer nada. Soltamo-nos, catamos as blusas e sapatos e seguimos em direção à linda e adorável Land Rover. Por troca de olhares havíamos trocado a seguinte mensagem: Vamos testar a suspensão do carro.

sábado, 14 de janeiro de 2012

BigFanfic.Capítulo 7 - Boss


- Alô? - perguntei com uma voz arrastada.
- Garota, onde você está? Ster está para ter um freak out! Você nunca se atrasa para a impressão... 
- Nossa, eu estou realmente tão atrasada? Que horas são, pelo amor de Deus? - perguntei enquanto tentava me enxugar, prendendo o celular ao meu ouvido com o ombro. 
- São 11 horas, Demi. - ouvi a voz de Emily dizer com desdém. Merda, havia me atrasado demais. Era para estar lá há uma hora, dessa vez havia motivos para que Ster quisesse cortar minha cabeça e jogar fora. Pensei bem, talvez aquela fosse o escape que eu tinha para esfregar na cara dele que eu sou humana e preciso dormir, descansar e comer; coisa que estava difícil de ser feita com ele me entupindo de trabalho. 
- Damn. Ok, eu vou passar em ca... 
- Nem pense nisso. Eu nem quero imaginar onde você está, venha já pra cá! - Emily exclamou - AGORA, Demi. Estou sofrendo aqui, pelo amor de Deus. 
- Tudo bem, tudo bem... Em quinze minutos eu chego. Beijos. - Cuspi as palavras e desliguei, passando a prestar atenção no que estava fazendo. De repente, duas mãos envolveram a minha toalha, e passaram a comandar o tecido fofo sobre meu corpo. 
- Se enxuga direito, Demi. - ouvi a voz dele soar rouca em meu ouvido. Dei uma risadinha meio desesperada. 
- Que susto, chefe! - exclamei sorrindo e em seguida virando o meu corpo para ele. - Joe fez com que suas mãos deslizassem pelo meu corpo, por cima da toalha, cobrindo-me numa cautela indigna de sua fama. Ou talvez fosse digna, já que sendo tão galinha e metido a 'putão', deveria tratar mulheres muito bem. Eu só precisava pensar nisso para cair na desilusão, a terrível e inevitável desilusão. Demorei um pouco para levantar meu olhar para ele e me arrependi de ter demorado; a visão que adquiri era a própria encarnação do doce e maravilhoso Deus Apolo. Dei de cara com um sorriso torto e olhos que brilhavam, ofuscantes; cabelos molhados que caiam em sua testa e lábios vermelhos, pelo contato com a água quente do chuveiro. Um sorriso involuntário fez meus lábios contraírem, e eu passei a enlaçar meus braços em volta do seu pescoço. 
- Quem foi que ligou? - ele perguntou, encostando nossas testas e roçando nossos narizes. 
- Hum... Foi Emily. Parece que eu vou levar uma boa bronca hoje, e com razão. 
- Bronca? De quem? Por quê? - senti sua testa teimar em enrugar. Dei-lhe um selinho rápido e separei-me um pouco, passando meus dedos pela sua pele enrugada, tentando relaxar aquelas feições. 
- Primeiro, relaxe. Quem devia estar estressada sou eu. - Ele sorriu - Assim está melhor. Bronca de seu sócio, Ster, por ter me atrasado em mais de uma hora para comparecer à impressão da revista hoje. Suspirei fundo e antes que ele pudesse dizer qualquer coisa, voltei a falar.
- Preciso que você me arranje roupas decentes. Uma calça jeans que eu possa cortar e uma blusa social que eu possa dobrar. 
- Demi... Minhas roupas não vão dar em você. Vão ficar folgadas e grandes, suponho.
- Eu vou tentar fazer uma mágica. - disse, me desvencilhando de uma vez de seus braços, com um pouco de resistência. - Aproveite e me arranje uma tesoura.
Joe me olhou assustado e começou a dar passos para trás em direção à um enorme armário. 
- A maior calça que você tiver! Jeans escuro! - Pedi vendo-o se abaixar para abrir as gavetas, resmungando baixo enquanto buscava o que eu pedia. Dirigi-me e sentei em sua cama maravilhosamente fofa, alisando o lençol fino com a ponta dos dedos, procurando não me preocupar com o que me aconteceria assim que chegasse ao trabalho naquele dia. 

10 minutos depois... 

Encarava minha imagem ao espelho. A calça masculina havia sido cortada a ponto de formar um mini-saia; a blusa xadrez, vermelha e preta, foi dobrada, formando um blusão estilo country. Meus cabelos molhados haviam sido penteados para trás - paciência nunca fora meu forte -, e meu rosto estava limpo e estranhamente claro: sem orelhas, marcas de expressão, linhas que pudessem entristecê-lo. Meus pés estavam com os mesmo scarpins do dia anterior, negros e sujos. 
Quando me virei de costas para o espelho, dei de cara com Joe já vestido, parado, estático à minha frente com uma expressão boquiaberta. Vestido daquele modo sexy de sempre: calça, sapatos e blusa sociais - a blusa com os primeiros botões abertos. Aproximou-se de mim com um sorriso tarado nos lábios e sussurrou um 
'uau' perto do meu ouvido, fazendo-me estremecer com o sopro do seu hálito quente. Beijei-lhe a bochecha, deixando escapar um risinho. 
- Você vai me deixar lá? - perguntei me afastando e pegando minha bolsa, colocando-a sobre o ombro. 
- Vou com você. 
- M-mas não é necessário... É rapidinho que a gente faz a impressão e... - passei a me embolar com as palavras. Imaginei como seria quando Ster, digo, Senhor Knight nos visse de mãos dadas. As imagens eram catastróficas, principalmente aquelas que indicavam o Ster mais rude, arrogante e exigente. Meu corpo reclamou com essa conclusão. Eu estava cansada demais, não suportaria mais aquela jornada estúpida de trabalho. 
- Não vou atrapalhar, juro. Além do mais, se eu tiver lá, Ster será menos chato com você. - Joe disse dando de ombros. 
- Isso se você não ajudar ele a ser insuportável. 
- Bem... Desculpe-me por aquilo. É que você irritada fica uma... - aproximou-se e apertou minhas bochechas - gracinha! 
Não controlei uma risada debochada. 
- Ah, ótimo, que divertido encher o meu saco. WOW! - falei transbordando ironia, gesticulando com um sorriso sarcástico. Ele riu, e eu o fulminei com o olhar.
- Calma, Demi, agora eu já encontrei outro jeito de achar você uma gracinha. - arqueei uma sobrancelha - Quando você sorri por minha causa. Quando seus olhos brilham de malícia e, principalmente, quando você está com vergonha... - abaixei a cabeça, sorrindo sem graça - como agora. 
Joe levantou o meu rosto pelo queixo, aproximando nossos rostos enquanto eu ainda tinha um sorriso bobo nos lábios. Beijou-me logo em seguida; lentamente, deliciosamente. Minhas mãos seguravam seu rosto e as dele dançavam pela minha cintura, subindo e descendo, apertando; logo aquelas mãos fizeram um trajeto malicioso, e meus braços apressaram-se em contornar seu pescoço, puxando-o mais para perto e fazendo-nos ofegar com um beijo mais rápido e selvagem. As coisas estavam começando a esquentar novamente quando algo tremeu entre nossos corpos. 
- Merda. - Resmunguei, pegando o celular do bolso da frente da saia. Assim que o tive em mãos, ele parou de tocar. Uma mensagem recebida. Visto que a remetente era Emily, já imaginava o que estava escrito na mensagem, então simplesmente ignorei, colocando o celular dentro da bolsa. Levantei um olhar significativo para Joe, inspirei o ar para reanimar meus pulmões ainda enfraquecidos com o beijo, e então murmurei: 
- Precisamos ser rápidos. Joe puxou-me pela mão, guiando-me para fora da sua grandiosa casa. Sentia-me perdida vendo tantos cômodos passarem por mim, tantas portas, tão indiscriminadamente. Poupei elogios e até mesmo comentários, fazendo com que chegássemos à garagem em silêncio. O eflúvio incômodo de dióxido de carbono não me impediu de suspirar quando avistei uma Land Rover LRX branca, reluzente por entre a pouca iluminação da garagem. 
- Wow. - deixei escapar; completamente insana para alisar o capô daquele carro majestoso - É linda - Acrescentei, saindo do estado de choque e me aproximando vagarosamente do carro. Consegui tirar os olhos da Land Rover para reparar mais duas luzes que ofuscavam meus olhos: Um jaguar XF negro e uma Mercedes prata dignas de um executivo prepotente e um rapper milionário, respectivamente. Estava completamente confusa: Como assim ele tem três carros divinos e eu ando de metrô? Que mundo injusto, pensei. 
Virei-me para Joe com meus olhos brilhantes e percebi que os seus estavam da mesma forma, e não era pelos carros. Não, o mundo não é tão injusto. Sorri para ele e ele retribuiu largamente, murmurando um 'obrigado' e passando ao meu lado, abrindo a porta da Land Rover. Com meus olhos dividindo atenção entre olhos tentadores e carros reluzentes, dirigi-me ao carro e sentei-me no confortável banco de couro. Joe fechou a porta e correu, dando a volta pelo carro e entrando, fechando a porta e rapidamente colocando a chave na ignição, ligando o motor daquela maravilha terrena. 
O ronco do motor soou como adorável melodia aos meus ouvidos, eu adorava a potência das máquinas. De todas elas. Inclusive de Joe. 
Suspirei e vi o meu chefe ligar o rádio e, com um controle remoto, abrir o portão da garagem; deu de ré e logo estávamos a caminho da Revista Music London. 

O trajeto foi praticamente silencioso. Além do som do motor do carro, eu só ouvia outros dois sons: o rádio, que tocava novos hits; e o som da respiração calma de Joe, que eu fazia questão de me concentrar para ouvir. 
De repente, enquanto esperávamos uma das últimas sinaleiras até o grande prédio da Revista, Joerompeu o silêncio, sua voz um pouco afobada. - Do que você tem medo, afinal? 
Olhei para ele, que tinha os olhos fixos no horizonte. Seu perfil explicitava a seriedade de sua expressão, e também a intenção sincera daquela pergunta. 
- Eu... Não tenho medo de nada. - respondi veemente. 
- Mas você hesitou que eu viesse. Se você não quiser mais a gente... - suspirou - a gente simplesmente esquece o que aconteceu. Eu... 
- Cala a boca, Joseph. Não fala merda. - disse franzindo a testa. Joe virou o rosto para mim, relaxando seus olhos abundantes nos meus. - Eu 
não quero terminar com isso. 
Minha frase pareceu um pouco infantil depois que a analisei novamente. Mas aquela era a verdade. Não queria me separar dele. Gostava dele, ele me fazia um bem imensurável; eu tinha criado uma dependência pelo meu próprio chefe. Que tipo de funcionária sou eu, relacionando-se de tal maneira com seu próprio chefe, envolvendo-se inconseqüente, como uma adolescente? Poderia ser ridículo, mas eu não iria abrir mão dele. E como uma criança birrenta, repetiria: 
Não quero, não vou, daqui ninguém me tira. Consciência, você não é minha mãe.Os olhos dele ainda estavam confusos, as sobrancelhas juntando-se no meio da testa. 
- Então o quê? - perguntou. 
- Então o sinal abriu e tem gente buzinando. - interrompi a tensão da conversa, deixando que a realidade fora do ambiente me impedisse de falar algo impensado.
Talvez o momento mais tenso foi a guerra de palavras que se fazia na minha mente; eu tinha que saber falar as coisas sem que ele sequer cogitasse qualquer paixonite aguda pelo Senhor Knight por mim (e vice-versa). 
Assim que o carro estacionou, tomei ar; Joe tirou a chave da ignição e antes que ele saísse do carro bruscamente - talvez batendo os pés - segurei seu braço com força, chamando sua atenção. 
- Você se lembra do que o seu sócio fez comigo durante essa semana? 
- Então ele é o problema? - interrompeu. 
- Shhh... - coloquei o dedo indicador sobre seus lábios macios - Apenas diga 'sim' ou 'não'. - soltei seus lábios. 
- Sim. 
- Então você sabe que não foi fácil. Minhas energias estão esgotadas. Eu fiz o meu trabalho e o dos outros, entrava sete horas da manhã e só saia depois da meia-noite. Eu não dormi e nem comi direito. - suspirei - Do jeito que as coisas andam, se Ster me vir arranjando tempo para namorar, vai usar o argumento de que também tenho tempo para trabalhar com mais eficiência. Não quero ser forçada a me demitir, por isso hesitei. Perderia não só o melhor emprego da minha vida, mas também a convivência com... - sorri - meu chefe favorito. 
Tentei decifrar suas feições com o término do meu mini-monólogo; ele parecia entender, eu acho. 
- Você... entende? 
- Eu... - concordou com a cabeça - me desculpe, Demi. Eu não sabia que as coisas andavam assim, não prestei atenção; não tive noção da seriedade. Desculpe-me. - disse com um olhar de clemência. 
- Não sinta pena. Isso só foi o porquê de eu ter hesitado, só isso. Joe alisou meu rosto com o polegar, visivelmente preocupado. 
- Entendo, claro. - murmurou enquanto se aproximava, beijando todo o meu rosto; bochechas, queixo, testa, olhos, ponta do nariz e, enfim, minha boca. Separamo-nos apenas pelo desconforto das posições. 
(n/a: Alguém está atrasada para uma certa reunião...) 
- Não vou deixar que ele faça isso com você, Srta.Lovato. Não se preocupe. 
Ele sorriu torto, fazendo-me relaxar completamente. Podia sentir meu corpo arrepiar-se, provocando um espasmo estranho, uma contração de meus músculos involuntariamente. Nunca vi sorrisos como aquele, capazes de mover músculos alheios, de relaxar, descontrair, apaixonar... 
Perguntava-me durante todo esse tempo onde aquele Joe se escondia. Por que ele não apareceu antes? Eu realmente precisava dele; aquilo tudo era bom demais para ser verdade. 
*


- ALELUIA! - exclamou Emily ao me ver, logo arregalando os olhos por dois motivos: a minha roupa e a minha companhia. - Jesus Cristinho - ela murmurou perto do meu ouvido, entrelaçando seu braço no meu e me puxando para a sala de impressão. Joe havia ficado para trás quando seu celular tocou; mandei-lhe uma piscada de olho e ele sorriu, mordendo o lábio inferior, enquando parecia não se importar nem um pouco com a voz do outro lado do telefone celular. Fui forçada a tirar meus olhos dele quando precisei medir meus passos, ou acabaria tomando uma queda daquelas. 
Imperceptível à minha mente que ainda tinha imagens do sorriso do meu chefe favorito, meu mais novo arquiinimigo materializou-se à minha frente, com uma cara enfezada. Assim que os olhos de Ster desceram minha roupa - às minhas pernas descobertas -, seu rosto pareceu iluminar-se num sorriso discreto e perverso. Logo aqueles olhos subiram aos meus, completamente sedutores e armados; quando ele comprou aqueles olhos, no rótulo com certeza tinha alguma coisa do tipo: "Olhos assassinos. Exterminam até a sanidade feminina." ou uma marca do Snoop Dog "Sensual seduction"; POR QUE ME OLHAR DESSE JEITO?
Graças a Emily, que havia jogado a revista em meus braços despreparados, voltei à órbita, folheando cada página, tentando - com todas as minhas forças restantes - prestar atenção no que lia. 
- Bom dia, Lovato. - ouvi a voz de Ster ecoar. As máquinas de impressão já estavam ligadas, e faziam um som importúno a quaisquer tipo de conversas. 
- Dia, Knight. - respondi - vou dar uma olhada nisso num lugar mais silencioso. - disse, dando as costas. Obviamente no mundo da lua, percebi que tanto Ster como Emily me seguiam e eu andava meio sem rumo, apenas fugindo do barulho. Emily correu para o meu lado. 
- Puta merda, você não recebeu a minha mensagem? - sussurrou, segurando meu braço e guiando meus passos. 
- Recebi. - sussurrei de volta. 
- E por que está aqui? - olhei confusa para ela. Seus olhos vinham fulminantes, preocupadíssimos. 
- Não entendi. 
- Ster está prestes a... 
- Hey, vocês duas, aqui no meu escritório. - disse Ster, abrindo a sua sala e entrando. 
Voltamos em alguns passos, entrando lá também. Sentei-me num sofá que encontrei e cruzei as pernas, finalmente me concentrando no que fazia. Sentia os olhares de Ster fixados em mim - e o ignorava avidamente -, também ouvindo resmungos preocupados de Emily. 
Foco, foco... 
- Bom dia, trabalhadores! - ouvi a voz de Joe e apenas sorri, em completo desespero, sem tirar meus olhos das páginas da Revista, conferindo rapidamente as imagens. 
Poucos segundos, e um peso surgiu no sofá de dois lugares; o peso beijou minha bochecha, sussurrou 'oi' no meu ouvido e eu não conseguia me segurar: Precisava ver a cara de Ster. 
Mesmo diante de um visual belíssimo, Ster estava pasmo. Boquiaberto, olhos levemente arregalados, as mãos segurando mais fortemente a ponta da mesa de vidro em que encostava seu corpo másculo - a mesa de vidro gêmea a da noite passada. Levei meu olhar rapidamente a Emily, que tentava segurar seu riso com a mão e virava-se de costas rapidamente, para não ser descoberta. Eu via as narinas de Ster inflarem como as de um dragão e seus lábios estavam crispados. 
- Qual é o problema, Ster? - Joe apressou-se em perguntar.
Eu tentava inspirar o ar, mas tudo que sentia era o cheiro entorpecente do perfume de Joe e aroma hilariante que vinha da reação - não sei se esperada ou inesperada - do Ster. E agora, o que ele faria? Se tentasse colocar mais trabalho em mim, Joe impediria, como prometido. Se falasse alguma coisa sobre relações intra-pessoais dentro da empresa, eu faria questão de jogar na cara dele que ele namora com uma redatora, conhecida como Tiff. Ele não tinha chances se não aceitar, e ficar calado, quieto, NA DELE. 
Voltei meus olhos para a revista, esperando ouvir a voz de Ster responder, fingindo-me de desentendida. 
- Lembrei de alguns problemas, depois discutimos isso. - disse Ster. O som das máquinas era o único ouvido por mim; o silêncio era claro e constrangedor naquela sala. Eu apenas levantei o olhar para trocar palavras inaudíveis com Emily, que solamente mexia a cabeça negativamente. Senti o braço de Joe envolver o sofá por cima da minha cabeça, e virei a última página, finalmente terminando. 
- Pronto, tudo O.K. - disse, soltando o ar de vez. 
Ster se aproximou e pegou a revista da minha mão, procurando não me olhar.
- Então, Lovato, qual é a sua histórinha sobre o seu atraso de hoje? - perguntou. Vi Joe tomar ar para responder, então toquei a sua coxa de leve, chamando sua atenção e sussurrando um 'deixe comigo'. 
- Eu estava dormindo, comendo, vivendo. Essas coisas que todo humano faz e você me impediu de fazer durante a semana. - Respondi com certa petulância, mas finalmente deixando que aquelas palavras se livrassem de sua prisão na minha garganta. 
- Esse é um modo de dizer que você estava com o Joe? - ele perguntou, visivelmente furioso, mas com uma voz calma, cínica. 
- Se você quiser interpretar dessa forma... 
Vi Joe abaixar a cabeça ao meu lado, escondendo seu risinho debochado. Por que ele estava rindo mesmo? O momento é tenso, o ar está pesado, é tudo cáustico, catastrófico, enlouquecedor! 
Do outro lado da sala, Emily finalmente parava de querer rir - ela realmente me entendia! - e tinha a expressão mais do que séria. Eu tentei ler seu olhar, mas ela virou seu olhar e pegou a revista da mão de Ster antes que ele começasse a amassar todo o nosso trabalho. 
- Emily, pode começar a impressão. Vocês não precisam mais de mim e nem da Demi, não é? - Joe interrompeu o momento, levantando-se e estendendo sua mão para que eu levantasse. Segurei sua mão com certa cautela, tentando me equilibrar em pernas que tremiam.
Emily concordou com a cabeça e saiu em passos apressados, deixando-me sozinha com meus dois chefes. Ster folgou a gravata e ajeitou os cabelos - bagunçando-os -, fazendo uma pose avassaladoramente sexy. Exatamente do jeito que ele fazia na frente da minha sala, com aquele sorriso, aqueles olhos estonteantes, aquela boca bem delineada... O que eles estavam fazendo comigo? 
De um lado, Joe abraçava minha cintura, exigindo os espamos pela sua presença sobrenaturalmente divina. Pelo outro lado, Ster parecia ler minha mente, sabendo exatamento o jeito em que eu me derretia por ele, não, muito pior, sabendo que eu me derretia por ele. Equilibrei-me apenas quando coloquei meu braço ao redor da cintura de Joe: 
- Não, Joe. Meu trabalho aqui é só esse, já podemos ir. - respondi e comecei a andar em direção a porta, quando senti Joe para de se mexer. Ster prendeu seu braço, impedindo-nos de continuar nossa jornada para um bom fim de semana.
- Sentem-se vocês dois. Precisamos conversar. - disse Ster, fazendo-me arrepiar até a estrutura esquelética. Medo, dúvida, cheiro enebriante, força sobrenatural, homens divinos, chefes, relação, sexo, loucura, loucura, LOUCURA! 

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

BigFanfic.Capítulo 6 - Boss


Já havia acabado o expediente fazia horas, e eu também já havia feito a minha parte. Naquele momento eu só esperava pacientemente até que sobrassem apenas duas únicas pessoas na Redação. Por um pequeno espelho em minha bolsa dourada consegui observar meu rosto, tentando ver alguma imperfeição que ao menos eu pudesse ajustar; não sei exatamente o que estava pretendendo com aquele espelho em mãos. Talvez um instinto feminino - sim - mas apenas talvez. Havia uma séria necessidade de estar arrumada quando estiver perto de Joe; e o mesmo acontecia com Ster, apesar de que nesses dias a única coisa que eu queria mostrar a ele era o meu dedo do meio. 
Quanto à minha aparência, sim, eu parecia acabada. Mas como não ficaria? Se ao menos Ster não fosse tão inconveniente com tanto trabalho ao menos eu poderia ter uma noite de sono, um tempo para mim. O único tempo que tive pra mim, gastei comendo besteira e falando com Emily ao telefone, ou talvez tentando dormir. Havia algum tempo em que eu não me olhava no espelho direito ou cuidava de mim mesma - e não estou falando apenas da aparência. Eu estava meio destruída por dentro, com todos aqueles problemas. Minha mente estava ocupada, mas meu coração parecia estar no ócio. Há tempos ele vive congelado, quieto, silencioso... Triste. Também, quem na face da terra gosta de estar sozinho? Quem, na face da terra, gosta de viver ignorado? Pois então com meu coração acontece o mesmo. Ele já cansou de não ser ouvido. Já cansou de estar sozinho. 
Deixei qualquer coisa que atrapalhasse a minha concentração de lado.
 Eu tinha um objetivo. 
Levantei-me com cuidado da cadeira giratória e abri uma pequena fresta da minha porta. Ele estava lá. A única luz acesa, com exceção da minha, era a do escritório dele.Perfeito.
Digo, não só a situação, mas também a imagem que adquiri quando deixei meus olhos pousarem nele. Estava quase deitado na cadeira, os pés relaxadamente em cima da mesa de vidro cobertos com aquele sapato social negro; a calça que vestia era de um grafite escuro, seu paletó da mesma cor estava pendurado na cadeira. A blusa branca estava com alguns dos botões iniciais abertos, mostrando um pouco do seu peito malhado - que eu fiz questão de ficar encarando por um bom tempo -, a gravata negra estava folgada em seu pescoço e seus cabelos estavam bagunçados, o que dava a ele um ar sexy impossivelmente lindo. A verdade era: Joe era completamente lindo. 

Hot Boss Joe’s POV on. 

Estava impaciente com aquilo. Demi havia se trancado naquela sala e não saiu um minuto sequer. Talvez eu tenha exagerado na brincadeira mais cedo. No entanto, foi tão engraçado vê-la se contorcer de raiva, as narinas se abrindo e fechando, os punhos fechados e os pés nervosos. Tudo que ela não dizia com palavras o corpo dela fazia o favor de nos mostrar. Ela estava muito puta mesmo com Ster, aliás, até eu estaria no lugar dela. A mudança dele foi tão repentina que até eu estranhei; aliás, ele também está meio mudado comigo, apesar de estar disfarçando muito bem. O problema é que talvez a minha diversão não tenha valido a pena, pelo menos não para vê-la sofrer com tanto trabalho, tanta coisa que sequer seria da conta dela. Ainda me impressiono em como ela consegue se virar.
Eu não suportava mais esperar. Já havia passado da meia-noite e Demi não saiu do escritório idiota. A minha raiva já transparecia em meus dedos nervosos, que batiam uns contra os outros, enquanto eu lia aquele formulário - ou fingia que lia, tanto faz -, ela não sairia nunca? Como eu poderia chegar até ela se não me dava chances? Ela pensa que eu não percebi as roupas provocantes que usou essa semana. Aquela mulher está fora de controle. Uma pena que meu sócio resolveu fazê-la se trancar, e não me deixou admirar a visão do paraíso que era o seu corpo. Com a conclusão de que eu estava ficando com raiva do meu amigo por causa de uma mulher tive a máxima certeza: Eu estava apaixonado.
Dando sinal de vida, Demi desligou as luzes do seu escritório. Ouvi barulhos, como se ela estivesse terminando de arrumar as coisas e se aprontando para sair e, em seguida, o silêncio. O que diabos estaria fazendo no escuro? Será que eu não a havia visto sair?
Levantei-me da cadeira num impulso rápido, tinha de conferir se ela estava lá. Se não estivesse, eu iria até a casa dela; mas de hoje a minha designer favorita não escaparia. A redação toda estava um breu, exceto pela pouca luz que vinha das janelas de vidro ou do meu escritório, a alguns passos dali. A porta estava entreaberta, então tomei a liberdade de entrar, batendo de leve por puro costume de incomodá-la. Ali dentro estava muito escuro, aliás, eu não enxergava nada. Parei de dar passos quando cheguei ao meio da sala:
- Demi? - perguntei na esperança de encontrá-la, mas nada ouvi em troca. Quando estava para dar meia-volta, senti duas mãos frias irromperem a região dos meus olhos, mas talvez aquelas mãos não tinham a intenção de me cegar, e sim de me impedir de virar. Num impulso, coloquei as minhas mãos por cima daquelas geladas e notei dedos finos e unhas longas, típicas de mulher. Era 
ela.
- O que você quer cegando seu chefe? - falei com autoridade - Isso é caso de... - Perdi-me em minhas próprias palavras. Ela encostou os lábios em minha orelha, roçando-os. Meu Deus! O que ela estava fazendo afinal? Quando foi que ela resolveu gostar de mim e pior, me seduzir, me tocar... Não seria possível. Então essas mãos não eram dela, devia ser outra garota da revista, mas eu não tinha a mínima idéia de quem seria. Lembro-me de não ter pegado nenhuma delas desde que fiquei com Demi. Pelo menos é disso que eu me lembro...
- 
Why so serious? - perguntou com a voz sussurrada. A teoria da garota errada estava falha, aquela voz era altamente reconhecível, em qualquer tom que usasse. Então ela sabia. Sabia que eu era o Coringa. Virei-me com certa cautela e a senti folgar as mãos que se encontravam em meus olhos, deixando-as caírem frias sobre meus ombros. Eu tinha certeza de que estávamos de frente um pro outro, mas não tinha noção de qualquer coisa à minha frente, se não o escuro. Por isso, foi necessário eu deixar que outros instintos, como o tato, me dessem um pouco desta noção, e não pude deixar de tocá-la. Passei minhas mãos sobre o rosto e, por falta de sensibilidade, não consegui definir quaisquer feições, apenas pude sentir a pele macia de mulher jovem fazendo carinho em minhas mãos que se mexiam aleatoriamente.
- Quando você descobriu? - perguntei em um sussurro, sorrindo bobo, ou abestalhadamente melhor dizendo. Eu me sentia um idiota perto dela. Principalmente porque ela já sabia de algo que eu ainda planejava contar. Era meio estranho que ela ficasse por cima, mas eu não me importava muito; era só me lembrar da última vez que estivemos juntos - ela, naquele momento, não estava nem um pouco por cima -, isso me ajudava a ficar mais calmo, e talvez até rir mentalmente com minhas conclusões. 
- Eu sempre soube. - falou, a voz saindo rouca e até bem sexy. Seu rosto estava próximo do meu. Próximo demais. 
- Mas... Como? - Perguntei sorrindo incrédulo, deixando que minhas mãos descessem até seu pescoço, embrenhando meus dedos em seus cabelos enquanto espalmava a mão naquele pescoço quente. Senti-a deixar sua cabeça pender para o lado, e então tirar uma das mãos de meus ombros para tocar em minha boca, delineando os meus lábios com os dedos leves. Fiquei repentinamente sério, mas não entendi o porquê. Talvez a maior proximidade entre nossas bocas tenha me feito concentrar. 
- Seu sorriso. É inconfundível. - disse me empurrando e fazendo meu corpo esbarrar na janela de vidro onde, na frente, havia persianas. Talvez seja realmente correto o uso do passado nessa afirmação, havia persianas. Assim que houve o impacto, as persianas caíram no chão como se fossem poeira soprada.
Virei-me para encarar o seu rosto, estava com uma expressão assustada e risonha, iluminado pela luz da lua que acabara de invadir o escritório. Espantei-me com sua beleza estonteante tão de repente visível aos meus olhos a pouco cegos. Ela era realmente muito maravilhosa, isso sem nem virar de costas e mostrar a senhora bunda e os contornos do corpo bem feito. Já falei de sinônimos masculinos? Não? Então eu vou explicar uma expressão: Mulher bem-feita de corpo = Mulher gostosa. Sinceramente, eu acho que Demi já havia pulado o ranking de mulheres gostosas, ela era demais. Tudo nela me atraía: o corpo, o rosto, a risada discreta, o jeito dela de ser sempre grossa como porta de igreja, o quão engraçadas ficavam suas feições quando eu a irritava - coisa que havia se tornado praticamente um hobbie meu; ainda havia aquele beijo viciante e o jeito desengonçado quando ficava com raiva. Eu gostava de tudo aquilo e, aos meus olhos, aquilo significava que eu gostava dela tanto quanto.
Eu poderia ter deixado que ela desse os próximos passos de aproximação apenas para vê-la conduzindo, mas já havia perdido a paciência com aquela situação. Não iria perder mais tempo indagando-me como se realmente houvesse algum problema que me impedisse de beijá-la avidamente e, finalmente, saciar o desejo. Peguei seus pulsos e girei-a, invertendo os lugares. Ela me olhou um pouco assustada e eu sorri maroto para ela, vendo-a abrir um pequeno sorrisinho e mexer a cabeça em sinal de reprovação. 
- Reprovando alguma coisa, Demi? - perguntei, levantando uma sobrancelha de forma ameaçadora. 
Demi riu baixinho, e antes que ela pudesse abrir a boca para assentir qualquer resposta, aproximei meu rosto do dela a ponto de roçar nossos lábios. Deixei que minhas mãos descessem por todo o corpo escultural, retirando a blusa fina de dentro da saia social e passando as minhas mãos por sua pele macia, fazendo-a arrepiar-se com o toque. Sorri com o feito. 
- Continua o mesmo mandão de sempre. - Ela disse. À medida que seus lábios abriam e fechavam discretamente para proferir aquelas poucas palavras, nossas bocas roçavam com mais persistência e aquele toco-não-toco já estava me dando nos nervos. 
- E isso importa? - perguntei. 
- Não... - ela disse, deixando que seu rosto se afastasse do meu e nossos lábios se desprendessem. Tocou meu nariz com a ponta do seu dedo indicador e deu um sorriso malicioso que me fez parar de pensar apenas para observá-la - Na verdade... Isso até me excita. 
Aquelas últimas palavras haviam acertado em cheio em minha paciência. Apertei mais uma das mãos que seguravam sua cintura e, com a outra, espalmei a sua nuca e aproximei nossas bocas novamente; desta vez sem qualquer intenção de continuar com brincadeirinhas. Assim que a proximidade foi extrema, beijei-a com tal veracidade que poderia tê-la deixado sem ar - coisa que eu não me importava. O que eu queria era aquilo mesmo, tencionava ver aquela desobediente metida ensandecida sob minhas mãos. Era algo que sempre desejei, tê-la ao meu lado. Isso porque ela me parecia tão difícil, tão inalcançável. E fosse eu que a tratasse daquele jeito 'irritante' ou Ster que a tratava como a melhor profissional que já havíamos visto: Ela sempre pareceu muito longe de nós. E eu poderia gargalhar por dentro naquele momento em que a tinha em meus braços; eu seria capaz de me gabar por aquilo pelo resto da minha vida. 
Fiz questão de acelerar todos os nossos movimentos. As línguas se mexiam em velocidade inacreditável e, mesmo de um jeito desconcertado, ainda havia certa harmonia, algo que nos mantinham sincronizados. Minhas mãos se movimentavam por toda extensão do seu corpo, desfazendo o comportamento de suas roupas. Seu blazer foi o primeiro a sair do meio. Retirei-o tão rapidamente que talvez ela nem se percebeu; aos poucos me livrava daqueles botões da camisa social, fazendo-a gemer entre o beijo pela vagareza em que o fazia. Era realmente delicioso provocá-la. Como a claridade vinda daquela janela já havia feito o seu propósito, agora ela chegava a me atrapalhar; mesmo com os olhos fechados, eu não conseguia me concentrar cem por cento graças à luz da lua. Nunca pensei que ela pudesse ser tão inconveniente. 
Parecendo ler meus pensamentos, Demi retomou o posto de coordenadora de nossos ataques, e passou a me empurrar sem afastar-se, impulsionando passos retardados até um lugar desconhecido. Primeiro, senti meu corpo bater em algo de forma paralalepipeidal e fino, como um vidro. Aproveitei que estávamos parados novamente para exterminar de uma vez aqueles botões, mas não tive tempo de jogar sua blusa social para fora do seu corpo: Ela segurou-me pela gravata e me puxou novamente para outro lugar desconhecido.
Desta vez estava demorando demais para chegarmos ao nosso destino, então abri um pouco os olhos para saber onde diabos ela estava me conduzindo. Não consegui avistar muita coisa, mas consegui distinguir um pequeno corredor, como aqueles que ficavam na redação. Eu reconhecia perfeitamente aquele lugar, mas não conseguia me lembrar de forma algum onde acabaria aquilo ali. 

- Ei, olhe pra mim - Ela pediu, segurando meu queixo, apontando para os próprios olhos. Olhei para ela meio aturdido, mas fiquei feliz com sua imagem descabelada e com aqueles lábios já tomando conseqüências dos beijos selvagens a que foram submetidos. - Sala 1 ou sala 2? 
- Hum... Sala 2. 
- Ok, Senhor Jonas. - Ela disse sorrindo maroto e eu não pude me segurar, voltei a beijá-la no mesmo momento. 
Demi’s POV on.

Ele poderia ter escolhido a sala 1. Com todo o meu poderio vingativo, seria perfeito. Mas eu deixei passar, até que transar com o Joe em seu próprio escritório também poderia despertar alguns outros sentimentos melhores. De certo modo, ainda me veio à mente como seria se ele escolhesse a sala 1, vulgo escritório do 'Senhor Knight'. Poderia rir alto com meus pensamentos, mas algo me fez voltar à realidade: As mãos de Joe acabaram de descer para um dos lugares proibidos, ele não apenas espalmou a minha bunda, mas apertou-a com tamanha força que eu poderia até provocá-lo - parecia que havia tempos que ele não tocava na bunda de uma mulher de verdade. O fato era que eu não queria levar as coisas para esse lado, e causar ciúmes em mim mesma - imaginando que ele já ficou com outras - não era algo sequer viável. Apenas entendi o que ele estava fazendo quando me vi sentada em sua mesa, com ele entre as minhas pernas. A minha saia, coitada, havia subido metros pelo meu tronco, e poderia ser confundida com uma blusa tomara-que-caia que, simplesmente, caiu.
Numa maestria interessante, consegui retirar sua gravata, por mais que minhas mãos estivessem tremendo. Meu corpo liberava uma adrenalina que pulsava tão fortemente em minhas veias que a tremedeira era imprescindível até mesmo para que eu me mantesse inteiramente sã. E era ele, Joe era o responsável pela atividade anormal da hipófise. Joe era o responsável por toda a bagunça em que se encontrava o meu corpo; eu tinha apenas que impedi-lo de chegar a dois lugares: mente e coração. Perder a razão seria um desastre e talvez apaixonar-me por aquele ser lindo e irritante não seria viável. Eu era fraca. Eu não suportava sentimentos fortes; meu coração estava morto. Eu o matei. 
Aquela calça estava incomodando-me de uma maneira irritante. Estava tudo tão escuro e difícil de enxergar, meu tato foi o que conseguira perceber aquele traje idiota que separava a minha pele da dele. Passei as minhas mãos por toda extensão do cós da calça até encontrar o feixe. O beijo então ficou mais difícil, Joesph ofegava em demasiado e aquilo só havia piorado quando ocorreu o toque íntimo entre a minha calcinha que já estava molhada e a sua ereção. Fomos forçados a separar nossas bocas para não morrer por asfixia, e então passamos a tocar o corpo um do outro, como se fossem mundos que acabaram de ser descobertos. Eu traçava os músculos de seu peitoral com a ponta dos dedos, sentindo-os rígidos e volumosos. As mãos dele saíram de minha cintura para então acariciar os seios por cima do sutiã, deslizando-as então até as minhas costas, onde ele encontrou o feixe e abriu-o, fazendo com que um som como um 'tec' liberasse os meus seios de sua prisão.
Encostou nossas testas e eu deixei meus dedos caírem para sua barriga definida, que me dava uma sensação de que meus dedos pulavam colinas em cada gominho.
Ao invés de usar as mãos novamente para fazer as alças do sutiã caírem, Joseph desceu com beijos para minha mandíbula e pescoço. Esse era definitivamente um dos meus pontos fracos, apenas de sua respiração quente encostar ali eu já podia sentir cada célula se manifestando e uma falta de ar prendendo meus pulmões; o diafragma não relaxava de maneira alguma e eu simplesmente havia esquecido como o faria voltar ao normal. Joe depositou um beijo leve no meu pescoço e graças ao bom Deus que prezava pela minha respiração, desceu com aquela boca perigosa para o meu ombro. Tocou a clavícula com mais um beijo leve, e então encostou os lábios por cima da alça do sutiã branco, mordendo-a. Seus dentes arranharam meu ombro e, com muita dificuldade, consegui relaxar os ombros, ajudando-o com o processo. Com um lado caído, ele se voltou ao outro e fez a mesma coisa, novamente passando pelo pescoço e fazendo-me perder o fôlego, por mais que desta eu me encontrasse preparada. 
Meus dedos finalmente haviam chegado ao lugar certo e brincavam com a barra de sua boxer de cor desconhecida. Acho que naquele momento eu poderia dizer que estava ficando com ele por puro prazer. Não conseguia ver o seu rosto para impressionar-me com sua beleza ou até mesmo enxergar o seu corpo seminu para deliciar-me e excitar com a imagem divina. Era tudo instintivo, cada próximo passo diante do nosso aproximamento perigoso e antiético. Por mais comum que fosse, chefes e funcionários não deviam relacionar-se, essa era a ética do negócio. Era a ética em que se baseava para que existisse o lucro; não poderíamos trocar o prazer mútuo pelo trabalho e pela responsabilidade. Eu não queria me importar com aquilo por mais ciente que estivesse do erro, então apenas deixei a pulga atrás da orelha: querendo ou não, não havia freios para um corpo ensandecido como o meu. Não havia freios para Joe. Aquém de responsabilidades havia uma necessidade humana, muito mais importante, não? 
Joe estava realmente entretido com os meus seios e já ia começar com aquela brincadeira de provocações. Foi uma questão de milésimos de segundos para que sua boca descesse a um dos mamilos enrijecidos enquanto a sua mão rude fazia movimentos bruscos e circulares com o outro seio. Ele chupava-o avidamente e chegava a arranhar os dentes ali. Minhas mãos desistiram de provocá-lo por eu simplesmente não ter mais controle sobre elas; deslizaram para as suas costas, espalmaram sua bunda e enfim fizeram-me fincar as unhas naquelas costas maravilhosas.
Joe gemeu um pouco, talvez pela dor sentida quando aquelas unhas afiadas penetraram sua pele. Ele sabia que era apenas ele parar com as carícias que eu simplesmente o soltaria, mas ele continuou, então ele queria que eu arrancasse o seu coro. Quando Joe resolveu alternar entre os seios, eu deixei minha cabeça pender para trás e a boca entreaberta para que o ar pudesse circular melhor. Nunca achei que a climatização da Revista pudesse ser tão ineficiente. Podia sentir as gotículas de suor que caiam pela minha testa, os cabelos que grudavam em minhas costas, e as costas de Joe que pareciam terem sido banhadas a óleo com a facilidade em que as minhas mãos se escorregavam ali.
Minhas unhas saíram arranhando toda a extensão das costas de Joe até chegar novamente às boxers, mas não parar por ali. Desci mais um pouco com os arranhões, diminuindo a intensidade da força, procurando fazer cócegas na região do cóccix; deslizando mais ainda para a frente e, com uma investida final de concentração descendo com aquelas unhas para dentro da boxer, tocando em seu membro duro. No mesmo momento Joe parou de fazer o que estava fazendo: 
- Você é louca, mulher? - perguntou com sua voz falhando. Seus olhos estavam tinindo com um brilho impecável de pura luxúria. 
- Talvez só um pouco. Mas você não fica muito para trás, chefe. - disse, mostrando-lhe o estrago vigente em meu corpo seminu. Dei-lhe um selinho rápido enquanto apenas alisava o seu membro. Mesmo diante da pouca luminosidade eu fui capaz de enxergar a sua expressão confusa e tarada. Meu rosto acabou por cair em seu ombro e eu passei a me deliciar com o cheiro inebriante de suor e perfume masculino que o seu corpo exalava. Antes que pudesse me perder em devaneios com aquele aroma tóxico às minhas células, Joe segurou-me pelos ombros, fazendo meu corpo cair aos poucos até deitar, entrando em contato com a fria mesa de vidro; ao mesmo tempo desceu seus lábios úmidos pelo meu colo e barriga. Apenas após ter se entretido em cada mísero centímetro do meu tronco e colo, Joe finalmente me deixara levantar o corpo e voltar à órbita. Cheguei a sentir certa tontura e o meu corpo parecia estar derretendo, em todos os sentidos. Assim que estava novamente à minha posição inicial, meio que sentada naquela mesa de vidro e eu já clamava por nem mais um segundo mais de tortura, queria-o dentro de mim. Eu sabia que tinha que parar com essa mania de acelerar as coisas, mas ele estava simplesmente me deixando louca e esperar que ainda aturasse brincadeirinhas e provocações? Mesmo diante de tais indagações em minha mente, o orgulho presente em minha personalidade e resolveu dar sinal de vida. Eu iria fazê-lo ansiar pelos 'finalmentes'. 
Capturei seus lábios numa agressividade inevitável e passei a enroscar minhas pernas nas dele, alisando nossas peles. Suas mãos espalmaram-se em minhas coxas e puxaram-me para perto de si. Soltei seus lábios e desci com beijos e mordidas pelas suas bochechas, chegando até perto da sua orelha - onde soltei o ar quente pela boca semiaberta, deixando soar seu nome de forma silenciosa -, e enfim chegando ao seu maravilhoso pescoço. Assim que tomei ar suficiente toquei seu membro com uma das mãos; no segundo seguinte fiz duas coisas ao mesmo tempo. Em movimentos frenéticos e repetitivos, masturbava-o. Com o resto da concentração que me sobrara, distribuía chupões que deixariam marcas em tons arroxeados por toda a semana. E eu poderia ter certeza de que cada vez que ele se olhasse no espelho e visse tais marcas, lembraria de mim. Se minha boca não estivesse tão ocupada eu poderia ter rido da minha própria conclusão. Os gemidos dele atravessavam meus ouvidos como aplicação sonora da satisfação e do prazer. E a sua satisfação era a minha satisfação; fato este que me fez aumentar a velocidade dos movimentos com a mão. Suas mãos apertavam minhas coxas numa força incrivelmente gostosa. De repente, Joe segurou a mão que o masturbava, e eu acabei por parar de chupar seu pescoço. 
- É o bastante - disse ofegante; eu também tentava recuperar o ar, mas uma vontade de rir fez com que minha barriga contraísse e um som abafado e nasalado da minha voz risonha ecoou pelo escritório. 

Hot Boss Joseph’s POV

A risada dela fez cócegas em meu pescoço gostosamente dolorido. Eu já tinha uma necessidade incontrolável de possuí-la o mais rápido possível. Passei o meu braço pela sua cintura, trazendo-a mais para perto. Parecendo conhecer minhas intenções, ela baixou a minha boxer de uma vez, deixando-a cair nos meus pés; levantei-os e joguei aquela peça de roupa para longe, não queria que nada me atrapalhasse. Ela ainda estava com aquela calcinha fina, e para que eu conseguisse tirá-la teria de me separar de Demi e passar sua roupa íntima pelas pernas fechadas. Eu não tinha a mínima vontade de ter que fazer isso. Comecei a tirá-la vagarosamente. 
- Você vai ter que afastar para conseguir tirar, chefe. - disse enquanto embrenhava os dedos nos cabelos da minha nuca. 
- E me separar de você nesse momento? Nem por um segundo. Vamos improvisar. - Se fosse capaz de ver o seu rosto com mais nitidez teria plena certeza de que ela tinha umas das sobrancelhas arqueadas desafiadoramente. Segurei cada lado da calcinha em que havia renda - e não pano -, e puxei-a, rasgando-a agressivamente. Demi soltou um gritinho combinado com uma gargalhada. 
- Animal! - falou entre risos. Sorrindo descarado, joguei os trapos restantes da sua calcinha para longe. Posicionei-me e encostei nossos narizes, tomando ar para os próximos movimentos. Novamente ela manifestou sua voz calma - algo realmente incrível, visto o momento eufórico em que nos encontrávamos. 
- Você vai mesmo quebrar a mesa de vidro? Eu quero sair daqui viva. 
- Merda, fala sério... - disse incrédulo. Detalhe idiota. Por que minha mesa não era resistente? Por que eu nunca pensei que algo assim poderia acontecer? Deveria tê-la feito de mármore ou sei lá. 
- E cadê a camisinha, adulto responsável? - Ela só poderia estar debochando de mim, ou eu realmente estava tão fora de órbita que me esqueci daqueles pequenos detalhes que poderiam fazer uma diferença enorme. Eu sentia que estava fazendo papel de idiota deixando passar tantos detalhes em que eu, o homem da relação, deveria pensar. Melhor dizendo eu, o chefe da relação. Puto da vida, desfiz meu posicionamento e agachei-me, peguei a camisinha que havia reservado no bolso da calça. Levantei-me e antes que começasse a rasgar o pacote, Demi tomou-o das minhas mãos; abrindo-o com os dentes e carinhosamente vestindo meu pênis ereto. Sua atitude me fez esquecer as situações adversas. Ela enlaçou os braços pelo meu pescoço: 
- Dê cinco passos para trás. - sussurrou em meu ouvido - se você for manter aquela performance da limusine, acho que aqui apenas a parede de concreto pode lidar. 

Ri baixinho com o seu comentário. Quaisquer que fossem minhas preocupações com os meus erros pelos detalhes, eu havia esquecido. Estava já na felicidade grau 1 de 3. Demi apertou as pernas contra minha cintura, enroscando-as seguramente, e então segurando-a pelas pernas, passei a carregá-la e dar os passos retardados até a parede. Virei meu corpo em 180º e logo o corpo de Demi estava preso entre a parede e o meu corpo, que fazia pressão para mantê-la ali. Agora ela não tinha saída, e mais nada me impediria de retomar onde parei. Posicionei-me devidamente e não tardei a iniciar a penetração sem dó. 
A primeira investida foi com toda a força que pude reunir naquele momento. Seu gemido ecoou por toda a Redação, e se eu não tivesse plena certeza de que estávamos sozinhos, com certeza passaríamos pela situação mais constrangedora de nossas vidas. Eu impedi que seu gemido proliferasse calando seus lábios com um beijo feroz. Tentei concentrar em um ritmo para ambos os movimentos, tantos os do meu quadril quanto os da minha boca. Não pude deixar de estocar com força nela, aliás, isso não era algo que eu pudesse evitar. Já havia se tornado uma necessidade que eu a tivesse com seus gemidos abafados soando melodias em meu ouvido; ou aquelas unhas que arranhavam suavemente as minhas costas e, até mesmo, meus braços; eu precisava do cheiro delicioso que seus cabelos suados emanavam; e o seu corpo lindo derretendo pelas minhas próprias mãos. 
Sentindo-a chegar ao ápice, apoiei minhas duas mãos na parede para que assim pudesse ter mais impulso nas investidas finais e enfim também pudesse chegar lá. Acelerei loucamente os movimentos de vai-e-vem e Demi manifestou-se, parando de me beijar par morder meu lábio inferior rapidamente e deixando seu rosto cair na curva do meu pescoço com um sorriso de deboche. 
- Eu quero mais. MAIS. 
Seu pedido foi atendido quase que automaticamente. Eu podia sentir seu corpo estremecer sobre o meu durante as investidas cada vez mais animalescas, que aumentavam gradativamente de acordo com minha necessidade de chegar ao orgasmo. Não demorou muito para que acontecesse; seu corpo ainda se via contraído ao redor do meu quando eu senti o ápice do prazer invadir minhas células. Era uma coisa que eu já havia sentido várias vezes, mas eu sentia que dessa vez havia sido diferente; e não foi apenas porque resolvi transar no escritório. 
- Ponha-me no chão, pelo amor de Deus. - Ela pediu suplicante e eu obedeci, estranhando sua reação. Percebi que seus músculos estavam estranhamente contraídos e que ela tinha os olhos fechados. Assim que seus pés tocaram o chão ela largou o meu pescoço e deixou suas mãos nervosas deslizarem pelos meus braços, apertando-os fracamente. 
- Você está bem? - Perguntei visivelmente preocupado. 
- Pensei que não ia acabar nunca! - Exclamou com sua voz falhando. Forçando muito minha visão, consegui enxergar sua silhueta encolhida próxima de mim. O que não ia acabar nunca? Peguei me queimando neurônios, até uns dois súbitos terrivelmente antagônicos me ocorrerem: 1) Ela queria que aquela transa acabasse logo pra ela ir embora e nunca mais olhar na minha cara. Alternativa pessimista e chata, e eu não quero nem imaginar isso. 2) Ela estava com alguma dor. Bem, antes ela com uma dor passageira do que eu com uma dor eterna. 

Repentinamente, Demi me abraçou. Seus braços enlaçaram minha cintura e seu corpo chocou-se com o meu. Assustei-me, estava estranhando aquela ação repentina vinda dela; abraços carinhosos não era bem a cara dela. Sentindo seus pêlos arrepiando-se periodicamente e seu coração batendo tão forte contra o peito que até eu poderia sentir a pulsação acelerada, mais uma alternativa pousou na minha mente. E esta alternativa permaneceu mais forte e mais provável, assim que ouvi um gemido baixo dela e seu corpo enfim relaxando. 
- C-C-Como você fez isso? - perguntei incrédulo. Só podia ser aquilo, tinha de ser. 
- Sei lá como fiz. Mas lhe garanto que foi bom. - riu baixinho e eu a acompanhei. Para mim isso só era possível na televisão, com aquelas mulheres orientais que estudavam minuciosamente o kama sutra e técnicas para manter o orgasmo durante vários minutos. Foi incrível presenciar aquilo pela primeira vez. Ela segurou seu orgasmo até eu atingir o meu; solidariedade, habilidade... No que se resumia aquilo? Talvez eu deva usar das mesmas palavras que ela: Só sei que foi bom. 
Era realmente agradável ficar ali, parado, apenas abraçando-a. O meu ego dava pulos de alegria, resultado do meu mais novo feito: Pegar a funcionária mais gostosa do planeta e ainda tê-la em meus braços, mesmo ela sabendo quem eu era. 
*

Demi’s POV on

Eu já estava acordada há algum tempo, mas não fazia qualquer questão de abrir os olhos. Não precisei apurar os outros sentidos para enfim sentir-me inebriada. Um braço forte prendia o meu corpo e um cheiro másculo e delicioso invadia os meus pulmões; uma pele quente encobria toda a região frontal do meu corpo. Tateei minha região inferior à procura de peças de roupas e acabei tocando onde não devia... 
- OPA! Bom dia, Demi. - ouvi uma voz grossa e brincalhona soar perto do meu ouvido. Dei uma risadinha fraca e o senti se aproximar. 
- Eu estou vestida? - perguntei num sussurro. Seus lábios úmidos passaram a roçar nos meus, secos. Eu mal havia acordado e cogitava ainda estar dormindo, e sonhando. A sensação era extremamente gostosa, era de um êxtase irremediável. Joe respondeu à minha pergunta com um som abafado propagado apenas pela sua garganta. 
- HumHum - balançou a cabeça negativamente, sua boca estava pedindo para ser beijada. Deixei que meus olhos entreabrissem e a primeira imagem que consegui captar foi o seu rosto - geralmente sarcástico e prepotente - completamente angelical. Seus olhos fechados e seus cabelos bagunçados daquela maneira poderiam fazer uma adolescente alegar amor à primeira vista, e com razão. Sorri e passei a entrelaçar meus dedos em seus cabelos, alisando um pouco as extremidades do seu rosto. Logo não consegui mais resistir, iniciamos um beijo gentil e calmo que, por eu não conseguir segurar, logo se tornou mais veloz e agressivo. Virei o meu corpo a ponto de ficar por cima dele; senti-o sorrir durante o beijo e soltei seus lábios aos poucos. 
- Bom dia, chefe. - disse com um sorriso tarado. 
- Meu Deus, ela acorda faminta. - falou brincalhão, enquanto apertava a minha cintura. Segurou-me pelos cabelos e me fez aproximar o rosto do dele novamente, passando a delinear meus lábios com sua língua quente e fosca. Passamos um tempo apenas nos encarando com deslumbre, tentando absorver os últimos acontecimentos. 
- Que estranho... - comentei sem querer, quase me arrependendo pelas minhas palavras. 
- O quê? 
- Sei lá, nós dois. Mesmo depois da festa... Eu nunca imaginei. 
- Bem, eu não posso dizer o mesmo. 
- O que você quer dizer com isso? 
- Eu sempre imaginei. - Joe disse com um sorriso sem graça. Nunca o vi tão vulnerável. Encarei-o com um olhar levemente confuso até mesmo pela certa confissão. Alisei seus lábios com a ponta dos dedos, apenas admirando sua figura calma. 
- Eu gosto deste Joe que estou vendo agora. Ele é diferente. - Claro que é diferente, Demi, ele tá apaixonado por você. 
- Isso é uma maneira 'Demi' de dizer que gosta de mim? - perguntou maroto. - Talvez... - deixei soltar uma risada abafada. 
- Então talvez deva exterminar com essas formalidades certo, Joe? 
- Por obséquio. Mas como você deseja que eu o chame? Joezinho, Joe-xuxu, meu bebê? - Perguntei virando os olhos e fingindo que falava com a minha mão. Ele gargalhou alto e colocou uma das mãos na minha nuca, puxando os meus cabelos rebeldes de um jeito possessivo. 
- Acho que Joe está bom. Apesar de que 'amor' não ficaria tão mal na sua voz. - Falou convicto e eu não pude deixar de soltar uma gargalhada sarcástica. Mudei de assunto antes que o clima pudesse ficar pesado e a gente começasse com uma DR sobre uma relação completamente indeterminada. 
- Preciso ver que horas são... - falei e saindo de cima dele e me sentando na cama, colocando as pernas para fora. Abri os olhos com mais avidez e passei a observar o cômodo desconhecido em que me encontrava. Era tão grande que poderia ser confundido com um salão. No entanto, os móveis eram escassos e espalhavam-se de modo estratégico; vinham em cores escuras pelo quarto que tinhas suas paredes em marfim. Havia logo atrás de mim uma janela de vidro coberta por grossas cortinas em tons acinzentados; também um tapete de pele de urso arrodeando uma pequena mesa de centro logo a frente da cama; havia posters que viraram quadros esplendidos e uma coleção de CDs impressionante. Era tudo tão lindo... 
- Onde eu estou? - perguntei virando o meu rosto para ele, ouvindo sua risada ecoar pelo cômodo. 
- Eu estava esperando que você perguntasse isso. - riu novamente - Ontem você estava insistindo que eu a levasse para casa. 
- Disso eu me lembro. E você é um cara muito chato. - ele me olhou assustado - foi mal, estava travado na minha garganta dizer isso - falei rindo e me aproximando novamente dele para abraçá-lo, enquanto ainda fingia estar atingido. 
- Ok, deixe-me contar o resto da história, Srta Reclamona. - disse rolando os olhos enquanto tentava se desvencilhar do meu abraço sem sucesso - se o acordo era sem formalidades eu vou começar a te chamar de Preguiça, ou Coala. É bem sua cara. 
Soltei um pouco o abraço apenas para fazer com que minha boca tocasse na sua orelha. 
- Eu sempre achei que era algo mais selvagem. - sussurrei em seu ouvido, fazendo-o arrepiar. 
- Hm... Selvagem como? 
- Não sei... - sussurrei novamente, descendo minhas mãos pelo seu tronco e arranhando sua barriga de leve - Provavelmente algo felino. 
Joe virou o jogo, ficando por cima de mim. 
- Eu sempre vou te ver como uma sugadora. Uma Vampira. - falou rapidamente, antes de selar seus lábios nos meus sem qualquer pressa. Perdemos alguns minutos das nossas vidas trocando saliva e carícias, apesar de que na minha sincera opinião aquilo foi um ganho de vida. Não importava o espaço-temporal; nós nos beijávamos e era apenas isso que acontecia na minha mente, sem quaisquer indagações que poderiam me fazer sentir-me mal. 
- Você não acabou de me contar o porquê de eu estar aqui - interrompi o beijo, e ele riu. Empurrei-o espalmando minhas mãos pelo seu peito, enquanto mordia os lábios. - Acabamos fugindo totalmente do rumo da conversa. Garoto levado. - Ah sim... Então... 
- Você não me levou pra casa. 
- Claro, claro... Porque depois do segundo round no carro você simplesmente desabou. Então eu te levei para casa, cuidei de você e agora você está aqui, linda e saudável. 
Quando ele terminou de falar eu já estava novamente saindo da cama, puxando os lençóis finos que se encontravam espalhados ali. 
- Entendo. - disse vagamente, ainda deixando que aquele adjetivo soasse repetidamente em minha mente. 'Linda'. De repente a vida me pareceu tão menos... Insuportável. Sorri de lado para ele e levantei-me com o cobertor enrolando o meu corpo nu, mas não consegui completar a ação: A mão de Joe me prendeu novamente à cama, puxando-me pelo braço. 
- Onde você pensa que vai? 
- Tomar um banho enquanto você prepara algo para nós comermos. - disse arqueando uma sobrancelha ameaçadora. 
- E quem disse que eu vou fazer comida pra você? - apenas de ele voltar com aquele tom de superioridade eu pude me lembrar de que ele era o mesmo Joseph de sempre, tão simplesmente previsível. 
- Então não o faça - dei de ombros, soltando meu braço de sua mão sem muito esforço. Levantei-me sem olhar para trás e dirigi-me a uma porta que me pareceu ser o banheiro. Já a pouco menos de um metro da porta, voltei a encarar aquela cama de casa; onde os olhos de Joe me tinham atentos. Soltei um sorrisinho de canto de boca e deixei o cobertor cair pelos meus pés, explicitando toda a minha nudez. Eu não tinha tanta vergonha do meu corpo e tinha maturidade o suficiente para saber que homens, como Joe, não se importavam com aquelas pequenas imperfeições que só eu e as vadias que me odiavam conseguiam ver. Para ele eu era linda, certo? Certo. Então eu o fiz sem hesitar, sabendo que o ambiente era claro e ele iria me ver por completo. 
Enxerguei seu sorriso maroto - que eu achava encantador - abrir-se e então seu lábio inferior ser esmagado pelos próprios dentes. Os passos seguintes foram aquela porta adentro, e os momentos seguintes bem... foi o experimento de tê-lo na palma de minha mão. Mais uma vez.